Sobre Sócrates e O Moscardo

 

O título - nome - deste blog, O Socrático é uma homenagem ao Filósofo Sócrates, "pai da filosofia" (pelo menos da filosofia dita "moderna", de cariz "ocidental") e aos princípios que nos legaram os filósofos Gregos, dos quais destacamos alguns:

Só sei que nada sei.... (a génese da Atitude)

Não sou sou Ateniense, nem sequer cidadão da Grécia, sou cidadão do mundo (também atribuída a Diógenes, marca em si um conjunto de valores... de cidadania)

Conhece-te a ti mesmo (também atribuída ao Oráculo de Delfos, é a marca do primeiro passo dos padrões de comportamento)


O personagem d`O Moscardo, inspira-se no dito atribuído a Sócrates, de que se comportava como um Moscardo, definindo assim a sua metodologia (maiuêtica - parto de ideias), que se funda na crítica construtiva, no questionar da aparência, na atitude insatisfeita, de não aceitação de aparência ou de meros "porque sim" ou o "porque não". Sócrates busca inquirir as verdadeiras razões, e "parir ideias", defendendo atitude, valores e padrões de comportamente elevados, que sejam intransigentes na defesa da Ética e da ideia de que ela é imprescindível na esfera pública e que a vida vale a pena  apenas se a albergar e a respeitar, mesmo quando tal possa ser contrário aos nossos interesses materiais... 

Ética era definida por Aristóteles como a "Ciência da Vida", ou seja, como a área do saber que procura encontrar "leis" e regras que nos guiem, que nos indiquem os caminhos na nossa vida quotidiana. Ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo - sociedade. É desta Ciência da Vida, e do bom senso, que "nascem" as linhas pelas quais devemos seguir no nosso exercício do livre arbítrio na relação com os outros e com a própria sociedade. Por tudo isto este é o primeiro pilar deste blog é a ética.

A Cidadania é vivência da ética na esfera pública. E a ética pública implica de cada cidadão uma atitude de cidadania activa, que se interessa, se procura informada, que participa e opina, debate, sugere... Ser cidadão implica não ser apenas sujeito passivo de direitos, mas também o aceitar as suas responsabilidades, e tomar parte da democracia (o sistema em que o Soberano é o Povo ... Ora, como em todos os sistemas políticos, o Poder pertence ao Soberano, que neste caso "somos todos nós"...). O segundo pilar deste pilar são pois as questões de cidadania...

A Política, no seu sentido nobre, vem de Polis (Cidade) e diz respeito ao que é civil, ao cidadão e ao que é relativo à organização e ao Governo da Cidade. A Cidade é o local onde os seres humanos vivem em sociedade, ou seja, onde se agregam e convivem em proximidade, partilhando espaço e outros recursos, que geram assim interacções e interdependências que precisam de ser organizadas. Se a (so)Ci(e)dade precisa de cidadãos, a vida na cidade, implica a necessidade de esta se organizar politicamente. E a Política, a verdadeira política, é o que diz respeito ao governo da Cidade, à regulamentação e exercício do poder ou seja, das decisões que a todos afectarão. a Política, a verdadeira polítca, será sempre conduzida por cidadãos éticos e será sempre, em si, ética. A denúncia e o combate à acção não ética é em si uma obrigação cidadã, política. E chegamos assim ao terceiro pilar deste blog: a política.



Sobre Socrates, há numerosas referências curiosas, das quais deixamos duas:

- uma de Steve Jobs, considerados por muitos como o maior empreendedor vivo, à Newsweek, de 29 de Outubro de 2001: "I would trade all of my technology for an afternoon with Socrates."
["Trocaria toda a minha tecnologia por uma tarde com Socrates..."]
- uma outra de John Stuart Mill, no seu Utilitarianism, Cap 2: "It is better to be a human being dissatisfied than a pig satisfied; better to be Socrates dissatisfied than a fool satisfied. And if the fool, or the pig, are of a different opinion, it is because they only know their own side of the question. The other party to the comparison knows both sides."
["É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; e é melhor ser Socrates insatisfeito do que um tolo satisfeito. E se o tolo, ou o porco, têm uma opinião diferente, é porque conhecem apenas o seu próprio lado da questão. O outro lado da comparação conhece ambos os lados"]


Quanto ao autor: O Moscardo tem por nome verdadeiro, neste caso, Luís Maia.