2009-09-30

textos premonitórios? reveladores? E... uma análise arguta ou tendenciosa ?

Cavaco fala aos Portugueses... Mas será que fala PARA os Portugueses?

Se tinha dificuldades em compreender o caso, confesso a minha dificuldade em tecer comentários...
A Comunicação aos Portugueses feita pelo Presidente é baseada em opiniões pessoais, segundo o próprio, quando já havia especulações e, portanto, o que se exigia eram... factos? Cavaco não esclareceu os factos, antes usou as suas opiniões pessoais, legítimas enquanto cidadão, para fazer acusações, como ... Presidente! E um Presidente que decide que tem algo tão importante a dizer que tem de fazer uma declaração ao país!
Sobre escutas, ou sobre se tinha ou não suspeições, nada revelou (a não ser que mesmo quando tem suspeitas aguarda meses antes de pedir a técnicos que lá vão... e para mais não chama a mais importante autoridade na matéria, os serviços do SIRP pensados para o efeito!). E ficou-se também a saber que o nosso PR não sabia que não há sistemas informáticos totalmente seguros!?!
Um PR NÃO pode acusar o governo de ter ultrapassado as marcas da "decência" com base em meras opiniões... pessoais! Tem de ter certezas, provas, ou algo mais do que mera opinião pessoal! Um PR, para mais no meio de uma crise mundial inédita, tem de pensar bem e ter certeza das acusações que vai fazer ao Governo, criando uma guerra institucional "total" com um PM e um partido que acaba de ganhar eleições!
Se ele próprio, PR, diz que não havia suspeitas - ao dizer que notícias eram infundadas e "criadas" pelo PS, então porque esperou? E se não havia suspeitas, então porquê demitir Fernando Lima - a razão que dá é insustentável: ao não ter explicado a demissão, gerou uma confusão enorme, sobretudo no PSD, a quem arruinou o resto da campanha, de tal modo modo o partido ficou desorientado! Ou seja: Cavaco teve influência ao não falar mas demitir Fernando Lima, pois isso não só não evitou as tais "dúvidas" como, pelo contrário, deu a entender à maioria dos Portugueses - incluindo os do PSD e os jornalistas - que admitia que Fernando Lima tivesse falado em demasia.
Um PR não pode, com base em opiniões, pedir ao país que o ouça dizer que os jornais são apenas caixas de ressonância do Governo, e que colabora com uma campanha deste. Ou seja: que não temos uma imprensa livre!
Penso que Cavaco nos quis informar que, ao contrário do que se pensava, se calhar não quer recandidatar-se em 2011, nem aprecia assim tanto a estabilidade... Estranhíssimo! Confesso que estou sobretudo incrédulo e perplexo. E, aliás, as reacções de todos os partidos mostram que também estes ficaram desorientados... Mas Cavaco conseguiu algo: uni-los aos 5, na crítica (de pontos diferentes, mas sempre crítico).
E a classe jornalística, que era suposto informar-nos, também: obrigatório 1, obrigatório 2, obrigatório 3,

2009-09-29

Portugal poderá crescer já em 2010, diz o Banco de Portugal, o que não é mau, comparado com outros países também fortemente exportadores, como a Finlândia, cuja economia tem queda recorde (7,9%!). Uma das explicações deverá ser encontrada na ideia de diversificação de mercados, apostando em mercados alternativos aos da UE, que concentravam 80% das nossas exportações...

Isso não permite alívios: deficit público e externo altíssimos, tal como a dívida pública em níveis recordes condicionam muito a política orçamental e o futuro do país, para mais numa situação de incerteza política, sempre inimiga do investimento...
Cavaco irá falar... Mas não será ele a dizer-nos algo sobre o Cavaquismo ou do seu fim, nem da sua relação com o PSD...

em jogo...

O Porto está decidido (Rui Rio). Lisboa talvez esteja decidida (ainda que com PSL nunca seja certo...).

Mas há 4 ou 5 municípios importantes que não parece que estejam:

- Matosinhos (PS), porque Narciso vem "partir" votos, pois muitos matosinhenses têm verdadeira adoração pelo "presidente"; Guilherme Pinto tem sido um Presidente com trabalho reconhecido e é apoiado pelo PS mas falta algum carisma; Guilherme Aguiar é um candidato razoável (não "bom" porque não é reconhecido pela população do concelho como sendo "de Matosinhos";

- Oeiras (Isaltino), pois estes processos e as condenações lançam confusão no eleitorado e se a candidata do PSD, muito preparada academicamente, é mais fraca do ponto de vista de comunicação, já o candidato do PS se apresenta bem mais dotado do que anteriores

- Almada (CDU): apesar de muito improvável, não é impossível que Paulo Pedroso nos traga uma surpresa da noite

- Braga (PS): MEsquita é favorito, mas já perdeu as freguesias urbanas há 4 anos, e a proximidade de Ricardo Rio, do PSD, que há 7 anos está "no terreno", é inequívoca. Não é provável mas não é impossivel uma surpresa...

- Faro (PS): a aparição de Mac�rio Correia e o regresso de um ex-presidente "trocam" as voltas ao PS que, provavelmente, perderá a Camara.


- Setúbal: imprevisível? 


São, como se vê, concelhos importantes, pela população e por poderem mudar destino das Áreas Metropolitanas.

Ou seja: o PS, se contar votos a nivel nacional, poderá ganhar (duvido... mas é possível, mas dadas coligações é impossível fazer esta contagem!), mas em termos reais, se o numero de câmaras se mantiver mais ou menos estabilizado, serão os Municipios importantes a "medir" o pulso do país autárquico... E dos maiores, estes são os que estão em jogo, e quase todo são PS e PS pode perdê-los, ou não...

2009-09-28

The Day After...

Belos resumos dos resultados: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e AQUI, num artigo obrigatório de Martim Avilez Figueiredo...

Algo verdadeiramente importante: Irão e Israel-Palestina

Aqui , aqui , aqui e, sobretudo, aqui
O valor dos GATO FEDORENTO é claro: até para o PCTP-MRPP!
MMS prejudicado pela ausência dos GATO, ou por insultar Portugueses, demonstrando pouco sentido democrático?

PSD e Marcelo: uma longa história...

A grande revelação da noite: Marcelo prepara candidatura à liderança do PSD, se directas forem em Maio de 2010, como estatutariamente definido. E não depois das autárquicas como paira...
SIM: é uma inferência do que disse Marcelo, pelas 21h, da exclusiva responsabilidade do Moscardo. Consequências? Rui Rio, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes, Marco António e... Rangel(!?) poderão apressar-se a convocar eleições internas... Nenhum deles está no Parlamento (o PSD já nos vem habituando a esta "lacuna" de um líder que não está na AR).
Mas PSD tem outra opção de fundo, como bem disse... LF Menezes! O que é que PSD quer ser? Um partido abrangente, conciliando sociais-democratas,liberais e conservadores, apenas uma destas "linhas", englobar outras, fundir-se com CDS-PP?

As últimas previsões do Moscardo: em cheio!

Após eleição dos 226 deputados (faltam 2 Europa e 2 Resto Mundo): revisitando as últimas previsões do Moscardo, de sexta dia 25... acertam em cheio (ou quase... pois dizia que era provável que nenhum, ou quando muito apenas um dos 3 médios, somado ao PS tivesse 116 mandatos. Verifica-se.. só com o CDS).
Melhores não só que sondagens (que estiveram bem, no essencial), mas também que previsões à boca da urna :-). Coincidências...

Resultados Finais:
36,56% - 96 mandatos (potencial entre 97 e 98)
29,09% - 78 mandatos (potencial entre 80 e 81)
10,46& - 21 mandatos
9,85% - 16 mandatos
7,88% - 15 mandatos

As combinações:
1º PS + abstenção ou apoio do PSD
2º PS + apoio
CDS-PP (vencedor em toda a linha: 3º em votos e deputados; único que sozinho, além do PSD, pode viabilizar Governo!)
3º PS + apoio CDU e abstenção BE ou apoio BE e abstenção CDU ou apoio CDU+BE

Uma nota: infelizmente, não creio que a fraca governabilidade que se desenhou (e que não se desenhava às 20h nas projecções) seja positiva para o país... Eleições em 2011 são previsíveis...

2009-09-27

sondagem "O Moscardo"... uma inversão de tendência?

Curiosa modificação de tendência da sondagem n`O Socrático... Aos chegar a 258 votos (mais 19 do que na anterior contagem), há uma clara "convergência" para o PSD... e o facto de estarmos perante uma afluência superior à esperada, e superior às últimas eleições, pode indicar uma decisão de última hora, no sentido de ... "tirar de lá Sócrates". Será?
Usando as mesmas regras de conversão utilizadas anteriormente - e, relembramos, esta sondagem não tem qualquer validade científica ou pretensão de a ter -, temos:
  • PS - 36,04%
  • PSD - 33,78%
  • BE - 8,56%
  • CDU - 8,11%
  • CDS-PP - 7,66%
  • B/nulos, MEP, e outros: 5,86%
Tudo realmente em aberto... ?

2009-09-26

Ideias Políticas - parte 2: os partidos Portugueses

Olhando para os nossos partidos, teríamos, de um modo bastante simplista, o seguinte posicionamento face às ideias políticas anteriormente apresentadas:

  • PCP: um partido Marxista-Leninista, ainda hoje. Apesar de ter deixado cair alguns “chavões”, como a “ditadura do proletariado” ou passando a apoiar... as nano micro pequenas PMEs... Ainda assim, é o mais "puro" dos Partidos Portugueses, na sua filiação a uma só concepção política, não se alargando para captar mais votos;
  • BE: fundado pela fusão do Trotskista PSR (Partido Socialista Revolucionário, liderado por Louçã), pela Maoísta UDP de Mário Tomé, e pelo Política XXI, grupo dissidente do PS, próximos do socialismo democrático mas que têm vindo a ser afastados das cúpulas do BE...; o BE começou por crescer em função de uma política de "nicho", mas hoje alarga-se a outros temas e a outros grupos, não esquecendo também que BE é o partido mais adaptado e orientado para captar a radical mutação social do país nos últimos anos (um dado, a título de exemplo: passamos de 10% para 34% de filhos fora de casamento em pouco mais de uma década!), bem como o seu posicionamento internacional, ao lado de ideias anti-globalização, regulação internacional, ideias ecologistas, mas tendo como entrave ao seu crescimento ideias como o abandono da UE ou da NATO, as nacionalizações da banca e das empresas de energia, etc...
  • PS: Socialistas Democráticos e Sociais Democratas juntaram-se sob a égide do PS em 1973 em Bona, na sede do Partido Social Democrático alemão. Depois da Revolução dos Cravos e, sobretudo, após a conversão do CDS em Partido Popular, o PS recebeu também muitos defensores da doutrina social da igreja. Em 1973, Mário Soares, um social-democrata que tinha em Willy Brandt, o histórico líder do SPD Alemão, o sueco Olaf Palm, e o Francês Mitterand as suas referências, aposta na criação do PS, contra a opinião maioritária dos seus correlegionários (incluindo a sua esposa), sendo que a maioria dos fundadores estava mais próxima do socialismo democrático do que da social democracia... Hoje o PS tem uma maioria esmagadora de sociais democratas (cerca de 80%), mas que tem sido permeável a elementos importantes de liberalismo, e uma minoria ainda ligada ao socialismo democrático, além de uma simpatia pela doutrina social da Igreja, que já teve em Guterres um líder;
  • PSD: é em geral considerado o mais interessante partido em termos de ciência política. O PPD-PSD é uma improbabilidade. Tudo apontaria para ter sido um partido de "charneira", um terceiro partido, dado que a lógica partidária e os sistemas eleitorais Europeus apontavam para que fosse ocupar um espaço que não estava previsto, o espaço entre os Sociais Democratas e os Conservadores, ou seja, o espaço dos Liberais, tal como o Partido Liberal Alemão ou Britânico. Na realidade, porém, o PSD sobrepõe-se a PS e CDS. Os 3 fundadores marcam, porém, a sua abrangência. E um deles, através do seu carisma, alterou o que seria uma lógica de PCP-PS-CDS, com este último ligado aos partidos democratas-cristãos (e conservadores, tendo como referencial a CDU Alemã), tornando o PSD num dos dois maiores partidos nacionais, relegando o CDS para uma dimensão menor, e retirando ao PS muitos dos sociais democratas portugueses. Francisco Sá Carneiro foi o homem que criou o seu próprio espaço. Ao fundar o partido fê-lo com Francisco Pinto Balsemão, um homem de negócios com preocupações sociais e forte sentido ético. No fundo, um liberal-social. E fê-lo também com Mota Amaral, representando uma ala mais conservadora, mais ligado à doutrina social da Igreja. O PSD forja-se nesta amálgama tripla e no carisma de Francisco Sá Carneiro, que trouxe consigo uma forte base sociológica de pequenos comerciantes e proprietários, comerciais, trabalhadores rurais ligados ao minifundio, etc.. E por isso quebrou as regras e previsões, o PPD-PSD não se transformou no Partido Liberal, nem no “3º partido”, nem sequer renegou a social-democracia quando a Internacional Socialista – por influência de Mário Soares – recusou a entrada do PSD na mesma, conforme pedido de Sá Carneiro, por duas vezes! Ou seja: Sá Carneiro poderia ter aderido ao PS, poderia ter fundado um partido Liberal, mas compreendeu antes de ninguém que nunca chegaria ao poder desse modo: no PS porque havia Soares, que era o pai fundador e detinha os contactos internacionais vitais para o PS (a entrada na CEE era o objectivo primeiro do PS de Soares, pois garantia a fuga de tentações comunistas e salazaristas e assegurava a entrada de Portugal no mundo Moderno, livre, Europeu), como partido Liberal porque compreendeu que seria um partido menor. Daí ter pensado um partido abrangente. Saído Sá Carneiro, e após o período Cavaquista, em que PSD tanto foi social-democrata como populista, e conseguiu o importante triunfo das (re)-privatizações, o PSD anda orfão: as diferentes alas não se entendem e procuram ainda um líer que una as “facções” existentes.
  • CDS-PP: o PP não é o CDS. Na direcção do PP não há praticamente ninguém que seja "do CDS". O CDS era um partido de CENTRO (Centro Democrático e Social), fundado na ideia de um estado aberto à iniciativa privada mas com fortes preocupações sociais, defendendo resposta através de instituições privadas. Hoje, os apoiantes desta política, deste CDS, reparte-se pelo PS, pelo PSD e pelo PP. O Centro Democrático Social, fundado por Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa, era um partido "Conservador", "filho" da CDU Alemão e dos Conservadores britânico, que pretendia estar ao CENTRO, e ser um dos dois maiores partidos. Ao CDS estava destinado o destino de alternância no poder, como o PS... Mas a história não confirmou este "destino" ao partido. Numa fase inicial pós-revolução, o PSD agregou os votos de e o carisma de Sá Carneiro levou a que o CDS chegasse ao Governo como segundo partido, e dessa posição nunca mais pode sair. Isso levou a que a ala populista entrasse na luta pelo poder interno e acabasse por dominar o partido. A célebre redução do CDS ao “partido do taxi” mata em definitivo o CDS, que acaba por mudar de nome e acrescenta o PP... A direita “pura” começa a forjar-se em torno d`O Independente. Os filiados próximos de um centro politico ligado à doutrina social da Igreja dividem-se: uns permanecem, outros migram para PSD de Cavaco, aberto a tais ideias, e outros ainda, sobretudo nos anos 90, migram para o PS, pois Guterres era ele mesmo um líder muito ligado a este “centro político”. Ou seja, a expansão para a direita do PS levou a que, de facto, haja pontos de contacto muito forte entre “um certo PS” e o velho CDS, que não com o PP (isto explica porque é que Freitas foi tudo menos incoerente ao entrar no Governo PS, sobretudo em termos de Relações Externas).

Ideologias (parte 1): um breve resumo...

Para auxiliar ao voto, é importante compreender a ideologia (o conjunto de ideias chave, a base a partir da qual se controem as propostas e que orientam toda a prática política e que serão as linhas mestras de qualquer partido, no governo ou na oposição).

Antes de mais, algumas notas:
- esta é um texto simplista, um pequeno curso de ciência política sem pretensões científicas, visando apenas "ajudar" e orientar cidadãos com menor formação política
- a história política portuguesa, e sobretudo a forma como se prolongou uma ditadura tão longa durante o Século XX e o modo como se saiu dela, marcou profundamente todo o país e o seu sistema político-partidário, que tem por isso originalidades face a outros países Europeus, que se mantêm. O objectivo aqui é também explicitar algumas dessas originalidades e dessas estórias que fazem a nossa história recente, e que ajudam compreender em quem podemos votar no dia 27 de Setembro de 2009.
A ideologia reflecte visões do mundo e da sociedade, fruto das respostas a questões como:
- A não ser os anarquistas (e mesmo esses...) a maioria das pessoas aceita que uma Sociedade (o conjunto das pessoas que constituem uma dada comunidade, neste caso os Portugueses) para subsistir necessita de se organizar politicamente. O Estado é a sociedade politicamente organizada. na relação do Estado com a Sociedade
- quais os valores mais importantes para alcançar o bem-estar (o "bem estar" é um objectivo de todos os partidos, em princípio): a igualdade ou o mérito ou a liberdade?
- qual deve ser a base da criação de riqueza? O Estado ou o sector cooperativo ou o sector privado (incluindo aqui todas as formas de organização privada)?
- Qual deve ser a base da distribuição da riqueza? O Estado, o sector cooperativo ou o sector privado?
- é mais relevante ter uma sociedade igual ou uma sociedade rica? (noutros termos: é mais importante criar riqueza, mesmo que fique mal distribuída, ou é mais importante a igualdade)?
- A propriedade deve ser sempre que possível privada, sendo o Estado apenas regulador e interventivo apenas em casos excepcionais (bens públicos puros), ou pelo contrário ao Estado cabe assegurar um leque alargado de serviços e produtos (sobretudo bens alimentares, energia, etc.)?
- as pessoas ou a nação como prioridade, exemplo: mais importante o país ser "rico" e "forte" ou as pessoas viverem materialmente bem?
- separação absoluta de questões religiosas da questão política (laicismo radical), ou esta não é uma questão importante, devendo até haver uma "orientação religiosa" em função história do país e da opção religiosa da maioria da população?
- o que deve surgir como factor preponderante na organização da sociedade? O Estado, para criar igualdade ou a Família ou as corporações (agregação de interesses)?
- Last but not least (pelo contrário)... Qual o conceito de justiça subjacente à sociedade: a de que a cada um segundo as suas necessidades, a cada um segundo os seus méritos, ou a cada um proporcionalmente segundo a sua efectiva criação de riqueza?

A resposta a estas e outras questões essenciais, como esta, são a matriz que define os diferentes partidos (pelo menos em teoria...)

Em termos muito simplistas, para compreender o sistema político-partidário Português, e representadas de modo importante no panorama em Portugal, nos dias de hoje, 6 grandes “grupos”:
- Comunistas (englobando Marxismo-Leninismo, Maoísmo, Trotskismo, etc.)
- Socialistas Democráticos
- Social Democratas
- Liberais
- Conservadores (e, de algum modo, o Corporativismo)
- Populistas

E, algures entre vários destes, a Doutrina Social da Igreja, que atravessa quase todo o nosso espectro partidário e tem fortes raízes na sociedade Portuguesa e nas suas formas de organização social.

O que significa cada um destes “palavrões”, em termos simples:
  • Os Comunismos entendem que o vector mais importante é o da eliminação da desigualdade social e da exploração do homem pelo homem, achando que para tal o Estado (ente que funcionaria como Árbitro e Jogador, ao mesmo tempo, mas sempre isento de interesses particulares), é a única resposta por ser isento. Ao Estado (“todos nós”) caberia a produção e a distribuição de riqueza, segundo as necessidades de cada um, no limite de forma independente do seu contributo para a criação dessa riqueza. Nesse sentido, e no limite, não há qualquer forma de propriedade privada, e a educação é sobretudo uma função do Estado, para que todos tenham uma educação similar e não dependa o seu futuro do “acaso” da família e do meio social em que nasceu. A preponderância da igualdade sobre os outros valores é tal, e do Estado como forma de a ela chegar, que noções como liberdade individual ou mérito são menorizadas, e defende-se, no limite Marxista-Leninista, a “ditadura do proletariado”, abolindo as classes sociais através de uma igualdade económica extrema. O Materialismo, doutrina subjacente a esta filosofia política, implica a urgência da existência de justiça no campo material, não admitindo que possa justiça que não a dos homens, e negando a existência de Deus (o “ópio do povo”, e afastando toda e qualquer forma de religião do Estado e, no limite, da sociedade. A ideia de Revolução é fundamental, pois para Marx e Engels o comunismo nasceria da Revolução das classes proletárias em sociedades industriais, num caminho de mundialização do Comunismo: a solidariedade internacional comunista e a estes ideais transcenderia fronteiras e seria superior à fidelidade ao Estado ou Nação de cada um. O próprio “hino” é... A Internacional, “Proletário de Todo o Mundo, Uni-vos!”. Lenine e Estaline, para justificar uma Revolução que se deu num país de base rural, criam uma variante, com alguns elementos organizacionais e com conceitos de “revolução num só país” e “por etapas” [em Portugal, a Constituição de 1976 fala em “caminho para uma sociedade socialista”...] . Por contraponto o Trotskismo mantém a ideia da Revolução Internacional e lança a ideia de um processo de Revolução Permanente [por isso o BE surgir tão ligado aos movimentos anti-globalização e movimentos internacionais anti-capitalistas]. Já o Maoísmo trouxe para a esfera do comunismo a dimensão rural como a fundamental da Revolução, pois na China a população urbana era diminuta e a Revolução fez-se com base camponesa. Em 1974, mais de 25% da população portuguesa trabalhava no sector primário, e a maior parte da população não residia em áreas urbanas (só nesta década, alías, Portugal passou a ter mais residentes “urbanos” do que “rurais”), e isso explica a existência da UDP ou do PCTP-MRRP, os partidos Maoístas. De notar que Durão Barroso ou Pacheco Pereira eram, precisamente, jovens Maoístas.
  • O Socialismo Democrático parte também do Materialismo e das mesmas preocupações com a desigualdade, e também acredita que o Estado tem papel fundamental. Defende o caminho para uma sociedade tendencialmente igualitária (socialista) e choca-se com a riqueza e a pobreza extremas, mas entende que há liberdade inalienáveis e contra toda a forma de ditadura, proletária ou não. O socialismo democrático nega que a noção de igualdade seja inconciliável com a de democracia, ou que se possa sobrepor à liberdade de consciência e de opinião, ou à democracia como regime de escolha de Governo. Nesse sentido defende também a propriedade privada, sobretudo na forma de pequenas e médias empresas, de pequenas propriedades rurais, defendendo de modo muito activo o cooperativismo como forma de resposta às questões da criação e distribuição de riqueza (exemplo: a produção de leite e de vinhos, em Portugal, seguia muito este modelo), mas não excluindo o Estado da esfera produtiva, de modo algum. Há uma propensão para entender que, em dados sectores, como a energia, a banca, os transportes (pelo menos ferroviários e aéreos), há interesses nacionais que implicam a propriedade Estatal dos meios de produção, para assegurar a todos o acesso a esses serviços. Igualmente acredita que serviços sociais como educação e saúde terão de ser de acesso fácil e gratuito, e que o Estado tem a obrigação de os providenciar, mesmo que tal implique níveis de fiscalidade extremamente elevados. Mais ainda, defende genericamente que Educação e Saúde sejam exclusivamente públicos, pois assim se garante igualdade de oportunidades e de tratamento a todos (não há “educação” diferente consoante poder económico de cada família). A gratuitidade destes serviços promove a igualdade e, portanto, é altamente defensável de acordo com as preocupações de base.
  • A social-democracia também entende que o usufruto dos direitos humanos políticos implica ter condições sociais e económicas para tal, mas reforça a questão da liberdade individual, dos direitos inalienáveis dos cidadãos. Ou seja, não há verdadeira liberdade sem condições materiais de vida decentes. Por isso, ao Estado democrático tem de corresponder um Estado Social. Mas aqui a liberdade individual surge associado a um direito de liberdade económica, com a respectiva generalização do direito de propriedade individual, e de “paga diferente” consoante o mercado. A “igualdade” deve ser tratada em sede de “redistribuição”, por via dos sistemas fiscais e sociais. Mais: a igualdade de oportunidades (no início) é claramente a igualdade mais importante face à igualdade “no fim”, dentro de certos limites (os conceitos de salário mínimo, de vencimento digno, de pensões e abonos, os rendimentos mínimos são conceitos ligados à redistribuição, para combater desigualdades que, porém, são aceites dentro de certos limties). Os direitos culturais e ecológicos – ter direito a diferenças culturais ou religiosas para poder ser cidadão de pleno direito – e ecológicos – o direito de ter uma sociedade sustentável e saudável – são também formas de proporcionar o usufruto de direitos políticos. Isto implica um Estado o mais neutro possível face a grupos de interesse mas também face a religiões (Estado laico) e a diferentes formas de vida (exemplo: homossexualidade), pois a questão do respeito pelos diferentes direitos é fundamento da social democracia, que vendo o ser humano de modo integral, considera a sua dimensão social ou cultural ou económica indissociável da sua dimensão política. No entanto, os grupos devem ser ouvidos e criação e distribuição de riqueza devem ser conciliadas. Por isso sindicatos e patronato devem sentar-se e ser organizados. A educação e a saúde tem de ser assegurada pelo Estado para todos, mas admite-se a importância das familias no processo educativo, e de entidades privadas que concorram com estabelecimentos públicos.
  • O liberalismo é uma das mais importantes correntes políticas mas, curiosamente, em Portugal nunca teve um partido que se assumisse como tal. A ideia fundamental é o dos direitos individuais – tendo o Estado um carácter supletivo – e o de que a sociedade é justa se a riqueza for distribuída segundo o mérito: se alguém não trabalhar, não é injusto que não ganhe, e se alguém tiver méritos reconhecidos, toda a paga é justa. Isto aplica-se a futebolistas ou gerentes bancários. O Estado deve intervir apenas quando não há capacidade de o mercado dar resposta às necessidades. Isto implica que, no limite, não haveria escolas ou hospitais públicos. Mas há outra alternativa do liberalismo é que haja escolas ou hospitais seja públicas e privadas, mas sejam geridas de modo idêntico (têm de ser sustentáveis economicamente), e que os indivíduos possam escolher: ou vão ao público ou ao privado, tendo “cheques-educação” ou “cheques-saúde” para compensar eventuais diferenças de preço: o consumidor pagará sempre o mesmo.... Fundamental a ideia de que liberalismo não é libertinagem. O conceito de responsabilidade individual e das instituições é fundamental para a sustentação de uma sociedade com estado mínimo e tem, por isso, de ser fortemente promovido em todos os processos educativos, escolares, familiares, formais e informais, bem como por todas as instituições (empresas, governo, IPSS). Todas as transgressões de normas e regras têm de ser exemplarmente punidas, para as desincentivar. Sociedade deve cultivar o empreendedorismo, a procura do ganho, a inovação. Deve dar oportunidade a quem errar, para que possa não ser “eliminado”, antes use essa aprendizagem. O objectivo é maximizar a criação de riqueza. É a riqueza da nação o primeiro objectivo. A distribuição vem depois. E, para dar apoio aos menos afortunados, ou que tenham feito piores escolhas, ou que sejam menos dotados, ou que sejam, por exemplo, as pessoas e instituições mais afortunadas devem também ter “consciência” da sua “sorte” e têm por isso deveres para com a sociedade (pagam menos impostos, mas têm de dar de outra forma. O filantropismo e instituições privadas de solidariedade são vitais para a sustentação da sociedade, caso contrário a pobreza extrema poderia gerar, além de sensação de injustiça e de exclusão, revolta social. A sociedade liberal depende desta noção para ser sustentável. Se falhar este “cimento” social difuso, este “capital social”, estes valores, a sociedade entrará em colapso. Claro que, se a sociedade como um todo não se “comporta bem” e se torna inviável, então é por sua responsabilidade e, logo, é justo...
  • Para o Conservadorismo: como o nome indica a prioridade é a preservação, a conservação do legado deixado pelos nossos antepassados. Não se deve entrar em experimentalismos sem ter a certeza do que se faz. Não se deve alterar ou confrontar estruturas existentes, pois estas contêm em si processos de aprendizagem: se são como são foi porque a sua evolução o ditou, a sua capacidade de integrar múltiplos contributos ao longo de gerações e elas representam, por isso, todo o conhecimento acumulado. Não devemos ter a mania de que tudo podemos inventar e criar e melhorar. Não nos pensemos mais sábios do que o tempo. E isto implica também os valores. Os valores são também para preservar, mesmo que o espírito do tempo os pareça modificar. Assim, a prática política deve ser adaptada a cada sociedade: se uma sociedade é fortemente católica, a acção política deve reflectir esse legado. Num país fortemente muçulmano igualmente se aplicaria tal raciocínio. Se o país tiver como maiores actividades económicas as pescas e os têxteis, é aí que deve apostar. Se a tradição for de uma forte ruralidade, é isso que se deve preservar e estimular. Se a família é tradicionalmente a célula fundamental da sociedade, e nomeadamente do processo educativo e de transmissão de valores, essa célula deve ser preservada, na forma que tradicionalmente tem, e com as prerrogativas que tem, sendo a educação mais orientada para os conhecimentos técnicos e científicos, menos “formativa”, mais “supletiva” e não de orientação – papel que cabe às famílias. Esta “autonomia” da família no processo educativo é considerada mais importante do que a “igualdade de oportunidades” proporcionada por uma educação mais orientada para cidadania e valores, como a da “esquerda”. Aqui, o legado e a sua transmissão são a base de um raciocínio filosófico que se aplica na perfeição ao pensamento e à prática política. No limite, se a estrutura da sociedade for feudal, esta pode e deve evoluir mas respeitando sempre os valores que lhe dão génese. Para os conservadores a questão da laicidade é secundária ou até contraproducente e as dinastias e as sucessões dinásticas fazem todo o sentido, pois representam o legado na sua forma mais directa (daí a grande maioria dos Monárquicos serem conservadores).
  • O Populismo, conotado quantas vezes com demagogia e retórica, até com o fascismo (sobretudo Mussolini), acabou por ter em Margaret Teacher o seu exponencial maior: o objectivo é de tornar cada cidadão accionista e não sindicalista. As privatizações da EDP ou da PT representaram processos de capitalismo popular que só não tiveram uma sequência maior porque as bolsas caíram e não havia essa tradição entre os Portugueses. Fundado na realidade americana, de economia financiada no mercado de capitais mais do que na banca, a ideia é juntar as poupanças de toda a sociedade e encaminhá-la para investimento produtivo de acordo com a sua própria escolha e não a dos “gestores” bancários. O capitalismo popular incentiva a participação produtiva, o envolvimento da população na criação da riqueza como proprietários, sentindo-se assim parte dos “proprietários” e tornando obsoletas as noções relacionadas com conflito de classes. Outra dimensão do populismo é a defesa participação no processo social activa – associações, centros de interesse, comissões locais e o seu reconhecimento, aproximando-se assim da ideia de corporações (e daí alguma proximidade ao Fascismo, cuja base de organização da sociedade é a ideia de Corporação, ou seja, grupos que agregam e defendem interesses particulares, cabendo ao Estado ser o “árbitro” de tais interesses, mas como a escolha do Governo é também feito pelas próprias corporações – o Fascismo não é democrático, ou seja, apenas a organização e entrada nas corporações tidas como legítimas é de livre escolha, tudo o resto é condicionado, inclusive a opção sobre quais as corporações legítimas – e a título de exemplo, se a corporação dos empresários têxteis conquistassem o governo, esses interesses seriam legitimamente mais relevantes que os outros...).

Outras filosofias políticas há, e estas estão aqui representadas de modo simplista e por vezes até algo impreciso. Objectivo é mostrar o ponto de partida, a perspectiva de partida de cada uma destas ideologias políticas que foram escolhidas como as mais representativas do nosso panorama polítco.

Por fim, não sendo uma ideologia política, mas pela sua importância, temos a Doutrina Social da Igreja que encontra defensores... do PCP ao PNR! Lançada por Leão XIII em 1891 de modo mais “formal”, a DSI faz a ponte entre as preocupações sociais face à pobreza extrema que a Revolução Industrial criou e a dimensão de defesa da família, do respeito pelo legado e valores judaico-cristão cristãos. Num texto que ainda hoje é considerado brilhante (mesmo pela Esquerda mais radical, que obviamente não aprecia várias das suas passagens, muito legitimamente), e que não precisa de grandes actualizações tal a sua profundidade, o Papa Leão XIII, abre um capítulo formalmente novo na história da Igreja. No essencial, e defendendo a liberdade, a propriedade privada, a necessidade de recompensar o mérito e o esforço, legitimando a defesa de interesses particulares e até a procura do lucro, o Papa, e desde aí a Igreja, defendem abertamente que tal só é possível sem lhe associar pecados como a ganância ou, a avareza. A forte defesa de instituições privadas de solidariedade social (como as misericórdias, ou as Ordens), a obrigação de todos participarem em acções de cariz social, e até de intervenção do Estado quando necessário (exemplo: crises de desemprego em determinados sectores ou regiões, como já aconteceu no Vale do Ave ou na Península de Setúbal), cria um “caminho de meio”, intermédio, que muitos perfilham... De Guterres a Mota Amaral, de Adriano Moreira a alguns sindicalistas da CGTP, muitos portugueses se revêm nesta visão de conciliação de privado e de redistribuição. Os pontos mais debatidos são o carácter “errático” e assistencialista desta visão (apoio à pobreza, aos idosos, por IPSS, mas muitas vezes em bens e em afectos, e não em dinheiro), por contraponto a um carácter mais assumidamente redistributivo de rendimento, com mais liberdade de escolha quanto ao seu fim, por parte dos beneficiários. Mais: este assistencialismo não é garantido pelo Estado, e portanto é mais fruto do acaso – em que comunidade nascemos e vivemos? -, não sendo garantido, e podendo ser sujeito a grandes diferenças, além de limitador da liberdade e da capacidade de criação de soluções sustentáveis – exemplo: apoio para criação de próprio emprego não tem aqui cabimento. No fundo, o debate é entre Caridade (assistência baseada em compaixão e na dignidade humana) e Solidariedade (preocupação com justiça, inclusão e/ou igualdade social, e Novas Oportunidades, fundadas no apoio do Estado).

2009-09-25

Previsões finais... d`O Moscardo

O Moscardo mantém as sua previsões em termos parlamentares e de governabilidade (nota: mero "palpite" e "opinião"...):
  • BE não será o terceiro maior grupo parlamentar, tendo na melhor hipótese mesmo número de mandatos de CDU e/ou CDS
  • CDS+PSD entre 38 e 44%, provavelmente entre 41 e 42%, sem maioria de deputados
  • PS + BE não chegam a 50% (talvez rondem os 44% a 49%) e muito provavelmente não chegando aos 116 deputados
  • PS + CDS não chegam aos 116 deputados, provavelmente [o que significa que PS fica "refém" de PSD ou da esquerda para aprovar diplomas]
  • PS sem número de deputados necessários para poder assegurar 116 votos com "qualquer um" dos pequenos (ou seja, das três combinações, PS+CDS-PP , PS+CDU e PS+BE, no máximo apenas uma ou duas serão capazes de permitir 115, mas provavelmente nenhuma delas)
  • PS+BE ou PS+CDU e PS+CDS sem mais deputados do que PSD+CDS+CDU ou BE, ou seja: mesmo que PS mais um dos três "piquenos" tenha 116, não lhe basta que esse pequeno se abstenha em dado diploma... ou moção de censura, ou orçamento... [não se realizando esta condição, como prevejo, significa que a um governo PS nao bastaria, por exemplo perante uma moção de censura, ter a abstenção de um pequeno partido, mas sim o seu voto a favor, ou a abstençaõ de dois partidos!]
  • PS menor que PSD + CDS-PP - ou seja, se PSD e CDS votarem contra uma lei ou orçamente, ou se propuserem moção de censura ao PS não bastará a abstenção de BE e CDU, precisarão de votos "a favor" desses partidos...

Algumas destas previsões, baseadas em mera análise política, em intuição e em alguma matemática eleitoral e análise histórica, contrariam alguns dados das sondagens, e da sondagem do próprio blog O Socratico que, chegados agora a 239 "votantes", com correcção de nulos, brancos e votos em "piquenos" partidos (remetendo-os a 5,4% contra os mais de 12,5% que apresentam) e com distribuição de indecisos, apresenta os seguintes resultados:

  • PS - 38,24
  • PSD - 30,88
  • BE - 9,31
  • CDU - 8,33
  • CDS-PP - 7,84

Tudo em aberto, portanto...

O Método de Hondt explicado... e um exercício realista! VOTE: CADA VOTO CONTA!

A pedido de várias famílias, aqui fica um exemplo prático (e para mais... provável) de distribuição de deputados (neste caso, do Distrito do Porto). Em que se demonstram coisas como:
- O voto útil não é necessariamente o voto PS ou PSD! Pelo contrário, neste exercício...
- Um voto pode fazer a diferença de um mandato..
- 10 votos podem alterar bastante o cenário da distribuição de mandatos! E não necessariamente do BE ou CDU para PS, nem do PSD para o CDS! Pelo contrário.

Neste exercício, um voto - UM SÓ VOTO! - do PSD PARA o CDS-PP (e não contrário) retira um deputado ao PS para dá-lo ao CDS, desmentindo MFL e as campanhas do voto útil! Isto num distrito com mais de milhão e meio de eleitores e, neste cenário, com 1 milhão de votantes! (no caso de distritos com poucos mandatos, a ideia de "voto útil" tem mais aderência à realidade, mas depende do caso concreto do distrito - exemplo, à direita: votar CDS-PP em Portalegre, Madeira ou Açores é de facto voto não convertido; exemplo à esquerda: votar CDU na Madeira também é voto perdido..., como o é BE em Bragança, ou em Évora - aumentando hipóteses de PSD ter deputado pelo círculo!).

Abra, veja, use, abuse, consulte o post anterior sobre o Método de Hondt e deixe questões, se for caso disso :-)



No sábado, e para ajudar à reflexão, deixaremos algumas notas sobre este exercício, montado para que uma pequena transferência de votantes (UM voto para mudar um mandato! 10 votos para mudar vários!) possa traduzir-se em enormes diferenças na conversão de mandatos, e para ajudar a compreender como o voto pode - e no caso de pessoas com escolhas com fundamentação ideológica esquerdadireita "deve" - ser ponderado por distrito...

Portugal Positivo

Voltando a notícias positivas, e ao Portugal no Mundo que gostaríamos, merece destaque uma certa Sul Africana... Portuguesa!
Assuntos sérios? Este, por exemplo: Irão, o nuclear e a pressão internacional... aqui, aqui, aqui. Pelo caminho não se pode esquecer o conflito Israel-Palestina, cada vez mais a sombra que paira no mundo... e sobre a nossa segurança...

A hora dos "piquenos" e das "piquenas"

FEH, MMS, PPM são hoje notícia... não será tarde demais?... Será que alguém os escuta?

A "
piquena" campanha também continua pelo caminho previsível: o dos votos úteis (PS e PSD) e o dos nichos CDS-PP (a campanha que considero a mais inteligente e adequada aos objectivos do partido, de entre os 5 "grandes")

2009-09-24

Uma curiosidade...

Ao fim de 179 votos na sondagem deste blog, há uma clara sobre-representação dos votos brancos, MEP e outros pequenos partidos, que atingem 15,5%. Corrigindo este "grupo" para 5,16% (+/- 5% em eleições anteriores), obtêm-se para o "quinteto" resultados curiosos:

  • PS: 38,71%
  • PSD: 30,97%
  • BE: 10,32%
  • CDS-PP: 8,39%
  • CDU: 6,45%

Ou seja: este blog parece ter leitores quase-tão-representativos como as amostras das sondagens :-) , pois seus resultados são com eles coincidentes, apesar amostra muito mais reduzida!

Já agora uma nota: a sondagem da CESOP-UCP, de acordo com a ficha técnica disponibilizada pelo Pedro Magalhães, no blog de verdadeiro serviço público que é o Margens de Erro, indica mais 4367 inquéritos validados! É uma sondagem com uma amostra extraordinária para a proporção do país. Os seus resultados são validados pelas outras 3 sondagens publicadas nas últimas 24 horas. Se os resultados diferirem destas sondagens... a única conclusão é a de que os Portugueses decidem mesmo no último minuto (o que não seria novidade, dada quantidade de coisas que deixamos para o último minuto :-) ), mas creio que seria mesmo injusto acusar as empresas de sondagens de não tomarem todas as precauções necessárias ou de usarem metodologias inadequadas!

Mais ... últimas... sondagens

CESOP-UCP (RTP/Antena 1) e Intercampus (TVI IOL, Público) indicam resultados muito próximos (aqui indicados já com distribuição de indecisos):

  • PS 38% contra 30% do PSD.
  • Bloco de Esquerda em terceiro (11 e 9%, respectivamente);
  • CDS-PP e CDU "empatados", com vantagem CDS-PP na sondagem da Católica (8% contra 7%), com vantagem da CDU sobre CDS-PP na Intercampus (8,4% contra 7,7%).

As notas mais importantes:

  • clara subida do PS, sobretudo à custa dos indecisos e do BE, como antecipado pelo Moscardo, há quase duas semanas (ver posts com referências aos "papões") - e não graças ao PSD, que se mantém e até aumenta, em algumas das sondagens
  • ainda muitos são os indecisos, que dão como resposta NS/NR, mas mesmo assim são menos do que há uns dias, tal como baixam dados dos brancos e nulos

Mas, sobretudo, as sondagens manifestam preferências e simpatias... As eleições reflectirão decisões e acções, implicam que a essa motivação leva pessoa até ao local de voto, e não apenas simpatias (em que questão vem até à pessoa)... Como dizem, sondagens não ganham eleições...

Faltam Aximagem e Eurosondagem (se repetirem amostra em torno das 2000 pessoas, deverão ser a mais próxima dos resultados finais...)

PS: saiu entretanto Aximagem, com PS nos 36,6% (vitória, mas menor votação), PSD nos 27,5%, BE: 9,2% (menor, mas mantendo 3º lugar) , CDS-PP: 8,1%, CDU: 8%. De notar, porém, que resultados da Aximagem parecem ser apresentados sem distriubição de indecisos pois a soma destes partidos se fica pelos 89%, contra os 95% das demais sondagens. Considerando que os restantes 5% são brancos e nulos e partidos menores, teríamos, para poder comparar:

  • PS: 38,85% (superando ainda as estimativas anteriores, de novo na casa 38%)
  • PSD: 29,19% (de novo na casa dos 29 a 30%)
  • BE: 9,77% (de novo como terceira força, em redor dos 10%, mas perdendo face momento anterior)
  • CDS-PP: 8,60% (superando, aqui, a CDU... E ficando já muito próximo do BE)
  • CDU: 8,49% (será que ficarão realmente como 5ª força)
MEP e MMS: os novos rostos da política... aqui.
Portal do Eleitor : tudo o que precisa saber para votar... ou quase... Pois o resto, um pequeno teste para compreender melhor a sua própria orientação política: BUSSOLA ELEITORAL

E, já agora, para quem quiser apostar e palpitar:
http://www.trocasdeopiniao.eu/

As últimas... sondagens

A sondagem da Marktest publicada na TSF e no Económico, que dá uma vantagem de mais de 8% ao PS, já detecta o fenómeno que o Moscardo tinha previsto há mais de uma semana: a transferência do BE para o PS como o maior fenómeno numérico a decorrer nas últimas duas semanas e, sobretudo nos últimos dias - e mais será se campanha do PS apontar ao "perigo" de MFL ser Primeira Ministro e sondagens apontarem para esse "risco"... Nesse sentido, as sondagens qe dão maior "margem" ao PS, favorecem... o PSD(!) ao retirarem a ideia de "empate" "do ar"... (e, ao que se sabe, todas as que irão sair nos dois próximos dias darão entre 4 e 9% ao PS).
Este o conjunto de transferências de voto que já era previsível (excelente campanha do CDS e - já esta semana - o episódio das Escutas a
bloquear a campanha do PSD, a impedirem que captação de votos do PSD ao centro se faça notar; BE e até voto "indeciso" a perder face ao "papão" MFL lançado pelo PS, para mais contando agora com Alegre e Roseta... e com vários dos seus mais próximos apoiantes envolvidos na campanha, e a "roubar" votos a indecisos entre BE e PS) MAS... o Moscardo acredita que está "empolado" face ao que serão os resultados finais!
Curiosa esta outra forma de sentir o pulso do país...

As campanhas... previsíveis...

Parece que as máquinas partidárias compreenderam onde poderão ainda estar os últimos indecisos por si "convertíveis" e, por isso, apostam naquilo que há já mais de uma semana se diria ter de ser o caminho natural, mas sem debater ideias de fundo, como até o El Pais reconhece...:
  • PS: o "papão" de ter uma "primeira ministro retrógrada" (para os "moderados", indecisos entre abstenção, nulo, branco, PSD, MEP, MMS ou... PS), somando ao perigo de ser "de direita", o que justifica "voto útil" (para os que para além as opções abstenção ou branco/nulo, ponderassem PS ou BE ou CDU... incluindo todos os milhares de Alegristas/ala esquerda do PS e dissidentes de partidos de esquerda), e usando ainda a questão da "governabilidade" para reforçar pedido de algo como "vantagem confortável"
  • PSD: papão "BE ou esquerdas ainda piores no governo", e perigo de "governamentalização do Estado" se tivermos mais PS (para os "moderados" citados acima), e "voto útil" para os que, estando no centro-direita, poderiam ponderar votar CDS ou até MEP e MMS, os novos partidos do centro e centro direita...
  • CDS-PP: votar "útil" à direita é votar CDS, para dar força a um governo PSD/CDS-PP, que obrigue PSD a deixar de ser hesitante e seguir em frente em matérias como segurança, agricultura, idosos, ex-combatentes, baixa de impostos e de custos de contratação (liberalização económica, genericamente), não esquecendo os valores e as IPSS, e outros temas apelativos a nichos muito bem identificados por aquela que parece ser, juntamente com a do BE, a campanha com melhor estratégia com vista aos fins a que se propõe (claramente são duas forças que optaram por alguns nichos, e focam em pontos chave, compreendendo que têm também oportunidade de captar votos fora desses nichos, tal o descontentamento com esta ou aquela área de governação, e a sensação de "déja vu" que PS e até PSD trazem...)
  • BE: o "papão" do PS sozinho gerar mais do mesmo, com tendências "direitistas" e que, portanto, a necessidade de reforçar BE para serem a força responsável por empurrar o PS, obrigando-o a mais políticas sociais (com base no Estado), maior controle de negócios "obscuros" e menos "negociatas", e não deixando o PS hesitar em termos de políticas de "costumes" (ainda que sendo "tolerantes" em termos de ter consciência que não estamos em época de nacionalizações, gratuitidade imediata do ensino e da saúde, e muito menos de sair da UE e... da NATO...)
  • CDU: os mesmos "papões" do BE, mas com ênfase menos "urbano" e menor "peso" da questão dos costumes, antes apostando nos políticos "genuínos" e verdadeiramente "trabalhadores"... E em ser um partido construtivo...

2009-09-23

Previsão... mas não tanto...

Dizem as más línguas que as sondagens indicam um ligeiro reforço da liderança do PS, confirmando a inversão da tendência de descida PS e subida PSD... Alguém comenta?
A previsão Moscardo: dado que PSD acabou por não fazer uma primeira semana de campanha (reflectida nestas sondagens) capaz, este era já o cenário mais provável para estas sondagens e, diga-se, para os votos...
Nota: mesmo vencendo por 2 a 3% a nível de votos, o PS pode não ganhar em termos de deputados (tomando em linha de conta que PSD poderá conseguir 3 a 1 nos 4 deputados dos círculos Europa e Resto do Mundo...) e que com 2 a 3% o PS pode só conseguir mais 1 ou 2 mandatos do que o PSD...

E agora... algo completamente diferente: Assuntos sérios!

Na sequência de posts anteriores sobre: Temas sérios... que não se debatems?

ACT (Portugal no mundo: UNESCO): entretanto, a búlgara Irina
Bokova foi eleita para Directora Geral da UNESCO, em detrimento do Egípcio Hosni. O que fez Portugal? Alegre pediu alteração do voto, Carrilho não se demitiu mas não votou, e fez declarações contundentes

ACT (Portugal no mundo: internacionalização Económica): Aposta nos
óleos saudáveis da diplomacia económica? Olhar novamente para o Atlântico? (e como é que o posicionamento de Portugal no mundo não se discute?!? Para mim, esse o maior mistério... ou o preocupante sinal do estado da nossa política...?)

Propostas sobre organização do apoio social: confiar no Estado ou nas IPSS - leia-se aqui proposta do MEP -?

ACT (pós-QUIOTO): EUA evoluem e Obama tem discurso que abre portas de esperança e do diálogo. Não menos importante será ouvir o discurso do líder Chinês... Hoje, novo discurso de Obama, na Assembleia Geral da ONU, supostamente a Assembleia onde se reunem todos os povos do planeta... Já na frente "Russa" poderão surgir sinais positivos...

ACT (Médio Oriente): Notícias sobre processo de paz israel-palestina, aqui, aqui... relembramos post anterior sobre este tema...

Como previsto...

Como previsto em post anterior...BE, PS, PSD, CDS-PP, nos últimos dias de campanha, terão de jogar o jogo do "centra" e des-centra", do voto útil e do voto de "pressão"... no caso do PS e do PSD, jogar com "papões" para conseguir a "centragem"... E PS e PSD terão de combater esses "papões" ("Primeira Ministro retrógrada?" contra "BE no Governo?"), negando...
Já o
BE oscila, mas ao negar Pacto, sabe que assusta menos eleitores do centro e evita assim afastá-los do PS, o que aumenta hipóteses de PS ser mais votado do que PSD, algo que interessa ao BE que assegurará assim mais importância no período pós-eleitoral...

Também como
previsto, o caso das escutas não se fechou, e seja Cavaco seja o PSD estão numa posição de desconforto e sob pressão, de diversos lados, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, ou aqui. Não parece, porém, que história tão misteriosa tenha impacto eleitoral: a maioria dos eleitores nem compreende bem a história nem lhe dá grande importância...

Já agora: e quanto aos
pecados em campanha?

2009-09-22

Perdendo...

MFL diz que não abandona liderança se não ganhar (NB: MFL já coloca, em público, essa hipótese...)...
A previsão do Moscardo é outra: o o líder do partido perdedor destas eleições (para PS e PSD não ser chamado a formar governo é perder) não se aguentará muito tempo na liderança (mesmo que não se demita), pois dentro do PS e do PSD há muito se movem os potenciais sucessores... E aguardam a sua oportunidade, sabendo para mais que o Governo a sair destas eleições não deverá ter as condições para durar uma legislatura, estando todo o "teatro" montado para novas eleições em 2011... Ou seja: mesmo a liderança da oposição não deverá ser uma "travessia do deserto" e haverá, por isso, candidatos disponíveis...

Todos à(s) escuta(s)?

Este um caso que não compreendo... confesso...
Não percebo se há ou não escutas, e de quem eram os interesses por detrás de cada uma das milhares de notícias dedicadas a este tema... espero vir a compreendê-los... Creio que ficaria conhecer melhor o país em que vivemos.
Mas há algum raciocínio linear a fazer
1. Há ou havia escutas? Há ou houve suspeitas do Presidente da República da sua existência?
2. Se há escutas, trata-se de um caso de Estado e que deve ter consequências, criminais e políticas, severas, sobre os seus actores e sobre os responsáveis políticos (eventualmente com queda de todo o Governo, e impossibiidade de Sócrates voltar a ser PM)
3. Se não há escutas, e se o Presidente não suspeita que hajam então, a partir do momento em que há suspeitas lançadas no jornal, Cavaco Silva tinha de as negar, pessoalmente, sob pena de uma clara transgressão da solidariedade institucional
4. Aparentemente, ao demitir Fernando Lima, após 24 anos de colaboração, Cavaco dá sinal e confirma, de algum modo, que teria sido ele a lançar para os jornais notícias que não eram verdadeiras, ou que eram para ser tratadas noutro âmbito (PR-PM?) que não o da comunicação social...
Só uma pessoa pode dar estas respostas ao país, com legitimidade: Cavaco Silva. O seu silêncio não se compreende perante um caso de Estado e, para mais, em período eleitoral. Para mais, neste momento, creio que só o PSD perde com tal silêncio, ao contrário do que dizem Balsemão e MFL. Como dizia Marcelo, esta história não é benéfica... Fragilizando o Presidente numa altura em que país bem precisará dele logo após eleições...

Temas sérios... que não se debatem? (ACT)

Ambiente, pós-Quioto: notícia preocupante?

Política Internacional, Cultura e VALORES:
notícia que o Governo tem de explicar? Não, não é a recusa de Carrilho em obedecer ao seu Ministro e votar no candidato Egípcio para a UNESCO! O que há a explicar é como Portugal vota num Egípcio de passado duvidoso quando a opositora é uma Búlgara, cidadã da União Europeia e com quem partilhamos fronteiras económicas e de defesa! Algo não se compreende! Nem os Egípcios levariam a mal que votassemos num país da UE!! Será algum cálculo de política realista? Ou mera falta de Ética Política?
Aguardam-se explicações... E espero que os partidos da oposição levantem a questão antes das eleições, pois é uma questão de fundo, sobre a orientação internacional do país!

PS: ainda sobre Portugal no mundo...
Acabou o El Dorado Angolano?

2009-09-21

Concentrar ou "Des-centrar"? Eis a questão...

Como explicado em diversos posts anteriores, para PS e PSD não está tanto em causa, neste momento (para a semana a questão já será diferente :-) ), se ganha a esquerda (por simplificação PS+BE+CDU) ou se ganha a direita (PSD+CDS), mas sim qual deles elege mais deputados (ainda que se, sendo inédito, se PS tiver mais votos e PSD mais deputados, a questão da legitimidade possa ser colocada - nota: PSD ter mais votos e PS mais deputados é quase impossível, dada distribuição geográfica dos partidos pelo país). Assim, para estes partidos, a questão da concentração dos votos, e das implicações que ela tem em mandatos, é vital para PSD e PS.

Para o PSD ganhar votos só pode atacar o CDS para ganhar à direita (algo que
Marcelo parece ter sido o primeiro a compreender) ou ganhar moderados ao centro, acenando com o "papão: BE no governo" (como Paulo Rangel compreendeu, mostrando de novo o seu potencial), com a falta de "humanização" e com a "Governamentalização do Estado" .
Quanto ao PS, só pode ganhar votos à esquerda e junto dos moderados assustando esse "povo" com o "papão: primeira ministro retrógrada".
O PSD, para combater o "papão" do PS, e não perder votos ao centro, só pode mostrar-se como partido
moderno, dinâmico, progressista, unido e aberto em questões como a imigração. Nada ganha com esta história da asfixia democrática (os potenciais indecisos que podem votar PSD não estão com dúvidas baseadas em questões de regime, algo descabidas nesta altura). O PSD deverá ainda ser moderado no ataque ao CDS mas mostrar que votar Portas é arriscar ter um governo de esquerda.
O PS, para combater o "papão" do PSD (para não perder votos moderados) e para ganhar o voto dos que estão entre BE e PS, terá de vincando a sua forte dimensão social mas, ainda mais, ser contra extremismos ou radicalismos - nacionalizações e outros,
atacando o BE frontalmente, ... E deverá ainda mostrar uma face humana, respeito pelas minorias e abertura e união interna.
Já o BE, a CDU e o CDS-PP só ganham em dizer que precisam de muitos votos para poder "empurrar e pressionar" o próximo governo para as políticas que defendem, e fazem bem em nunca lembrar a potenciais votantes que o facto de dispersarem votos (à esquerda, no caso BE e CDU, ou à direita, no
caso do CDS-PP) aumenta as hipóteses de governo ser mais "do outro lado"... Ou seja: BE, CDU e CDS-PP sabem que, ao crescerem em votos, aumentam as hipóteses de o próximo governo lhes ser mais distante... curioso paradoxo!
Juntamente com BE, CDU, CDS-PP, também os demais partidos deveriam tentar captar votos entre indecisos entre votar e não votar, afinal o grupo mais numeroso...
Pois bem... veja quem compreende ou não estas dinâmicas eleitorais, as mais importantes em termos de resultados eleitorais finais:
aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, ou aqui.

Educação. Bolonha.

Legalmente, em Portugal, fez-se uma péssima escolha de vocábulos para os graus académicos obtidos em cursos pós-Bolonha:
  • um plano de estudos de 3 anos passou a chamar-se licenciatura, nome usado anteriormente para cursos de 5 anos (ou 6, em alguns casos - Medicina e Arquitectura)
  • quem completar os 5 anos dos Mestrados Integrados de Bolonha obtém agora o grau de Mestre e são equiparados a quem fez Mestrados "pré-Bolonha", num total de 7 anos

Problemas maiores do que a questão dos nomes foram as consequências pois isto gerou outras aberrações e injustiças: alguém que fez o curso de 5 anos pré-Bolonha (Licenciatura de 5 anos) está hoje atrás de quem estuda, hoje, os mesmos 5 anos (mas que são "Mestres"), e está ao nível de quem estuda apenas 3 anos (agora designados de "licenciatura"), tendo de fazer dois anos suplementares se quiser equiparar-se a estes novos "Mestres". Isto não é apenas uma questão de títulos: aplica-se a candidaturas a bolsas de Investigação, concursos para a função pública, etc... Bolonha precisa de muitas melhorias...

Parece ser injusto e descabido e por isso propomos assinatura de petição, já a pressionar a AR a eleger: aqui.

Aproveitamos o tema - educação - para voltar a relembrar a obrigatoriedade de ler o discurso de Obama na abertura do ano lectivo, já mencionado em post anterior, e que foi dirigido a todos os alunos dos EUA... mas poderia ser dirigido a todos nós...

Questões de sucessão...

Francisco Pinto Balsemão em entrevista. Não sobre política mas sobre uma questão que por vezes se torna vital para as economias, para PMEs (sim, as Piquenas e Médias Empresas, incluindo as nano-micro-mini PME) e para grandes grupos: a questão da sucessão e a primazia "à família" ou a "quem seja mais capaz".E há ainda "a via SONAE", em que se assume a competência como critério e depois se escolhe, por voto secreto, o filho como sucessor.

2009-09-20

Paulo Rangel será primeiro ministro...

Deixo aqui uma previsão simples, após rever Paulo Rangel nos Gato Fedorento, onde confirmou a impressão que dele tinha desde as Europeias: este homem será primeiro ministro de Portugal... E provavelmente já na próxima década ... (a menos que algum grande grupo económico o leve antes...).

Racional desta previsão: na partidocracia em que vivemos, votamos para a Assembleia da República (AR) mas na realidade... escolhemos Governos. Estes são liderados por um Primeiro Ministro (PM) que escolhe linhas de fundo e os Ministros que executam essas linhas. O PM e o Governo precisam do voto da AR. A AR tem deputados que são eleitos em listas partidárias. Os PM têm sido líderes de PS e PSD. Assim, ao votarmos em legislativas, onde só podemos votar em partidos, só temos escolha entre o que os partidos nos propõem. Logo, conquistar o poder e chegar a PM, em Portugal (e não só), implica conquistar Partidos, até hoje sempre PS ou PSD. Deste modo votamos quase directamente no Primeiro Minnistro, após umas primárias internas aos partidos, só para militantes...
E como se ganha o poder nos partidos, sobretudo (mas não só) no PS e no PSD: mostrando-se como a pessoa mais capaz para conquistar o poder nas eleições seguintes... Porque os partidos são também máquinas de distribuição de poder... os militantes votam de acordo com a maximização de oportunidades de poder para o Partido... Mais do que o interesse nacional ou outra qualquer consideração - desde que dentro de linhas programáticas próximas.

É aqui que entra Paulo Rangel: a sua competência (reconhecida por opositores!), a sua assertividade, o seu talento e à-vontade mediático (notável com os Gato, batendo qualquer líder actual no à-vontade!) e o facto de já ter vencido eleições de âmbito nacional quando as cartas apontavam noutro sentido... dão-lhe todas as hipóteses de se mostrar como o mais capaz de levar o PSD ao poder no seio dos militantes... E chegando à liderança do PSD...

Professor Marcelo: entrada pela direita?

O Professor Marcelo Rebelo de Sousa tenta alargar o PSD à direita, fazendo apelo ao voto útil de direita. A razão é simples: o Professor Marcelo, um dos mais astutos políticos portugueses, sabe que, quase seguramente, a esquerda (para este fim referimos-nos a PS+BE+CDU), ganhará as eleições (mais de 50% dos votos e mais de 115 deputados), mas sabe que, em princípio, Cavaco chamará para Primeiro Ministro o líder do partido com mais deputados.
Por isso, para se chegar a um Governo PSD ou PSD+CDS, interessará apenas saber se o PSD tem mais um deputado do que o PS... E, sabendo o Professor que atacando o CDS e mostrando a urgência do voto útil à direita não perde votos ao centro (pelo contrário, pode ganhar, diminuindo o "bolo da esquerda"), e poderá aumentar a fatia PSD dentro do "bolo da direita", sobretudo quando Portas e o CDS estão com uma forte dinâmica ...

Esta concentração de votos no PSD contribuiria também para menos votos Inúteis (votos não convertidos em mandatos - ver posts sobre método de Hondt e suas consequências - aqui quadro resumo ou aqui). Ou seja, o mesmo número de votos PSD+CDS traduzir-se-ia em mais deputados se votos fossem concentrados no PSD (ou se partidos já fossem coligados, como também dito em post anterior).
O paradoxo: o CDS-PP tem mais hipóteses de ser Governo, ou influenciar um governo, se os votantes de direita votarem no PSD do que se votarem no CDS-PP!!! Consequências do nosso sistema eleitoral, que o Prof. Marcelo conhece como poucos :-)
Como sempre, e do ponto de vista da análise política e eleitoral, Marcelo mostra ser um Professor (nenhum líder do PSD tinha, ainda, compreendido esta necessidade de atacar pela direita!). Pelo meio, ainda ataca um dos seus inimigos... que lhe tirou o tapete e o fez perder o sonho de ser PM, há uns anos atrás... Intelectualmente brilhante?
Portas que, por sua vez, também é um homem de superior inteligência, compreende os perigos desta "concentração" (o virtual desaparecimento do CDS-PP e a sua "falência" pessoal), mas também o seu potencial: resultados em que PSD seja o maior partido, mas sendo o CDS-PP imprescindível... É uma difícil gestão mas PP tem talento para estas gestões... Não tivesse sido ele a desfazer, na televisão, a aliança com o PSD de Marcelo... e a entrar pouco depois no Governo... com Durão :-)

Não Tratado...

Em 1997, num regresso a Copenhaga um ano após lá ter vivido por alguns meses, notei umas grandes obras junto à estação central e perguntei a um amigo o que se passava...
"São as obras para o metro", disse-me.
"Metro?" perguntei, "...mas vocês já têm um!"
"Não, temos apenas comboios urbanos..."
"Mas não têm cruzamentos (ou vão por túneis, ou por viadutos ou ao lado dos carros mas com desníveis de vários metros) e fazem o mesmo, além de nunca estarem cheios e funcionarem perfeitamente. Vocês nem têm engarrafamentos. Não precisam de metro!", disse o incauto Tuga (eu).
A resposta, que nunca esquecerei, marca ... um estado civilizacional, naquele que considero o mais avançado país dos quantos conheço (nota: nunca estive no Canadá ou na Nova Zelândia, mas conheço bem todos os países Europeus e os Estados Unidos):
"Não precisamos hoje, mas talvez precisemos daqui a 20 anos!"...
É um dos muitos episódios que marco dos meus contactos nórdicos...

Vem isto a propósito da nossa campanha eleitoral. Ela faz lembrar o futebol do nosso campeonato nacional: equipas aguerridas, lutadoras, jogos com muitas controvérsias e picardias, mas sem que se veja uma ideia de fundo, clubes construídos em nome de uma estratégia e de um projecto de futuro - e que não se limitem ao imediato e às dívidas acumuladas e à sobrevivência, equipas que procurem de facto ganhar o jogo - em vez de apenas não o perder... Ainda que com debates vivos, e até interessantes, há diversas áreas que nunca foram tocadas nesta campanha... Talvez futebol e política reflictam, afinal, quem somos...

Para começar, a dimensão internacional. Nem sequer a dimensão Europeia - nem do Tratado de lisboa se falou!! Para um país com o grau de abertura da nossa economia, de tal modo dependente e interdependente do resto do mundo, com a nossa história e tão envolvido no processo Europeu, e com o seu futuro tão ligado a essa dimensão, não se compreende. Não falar de Europa, de África, de Relações com o Brasil (para mais nesta altura, em que o Brasil se posiciona como uma nação chave no mundo, como nos ensina, sempre sabiamente, o Professor
Adriano Moreira.

Outra área nunca falada, para além do nosso posicionamento no mundo: a Defesa. Esta função primeira do Estado, para quem não se recorde... E Defesa não são só assuntos militares... Está intimamente ligada a políticas como a da preservação da língua, defesa do património e legado histórico, presença nos centros de decisão internacional, diplomacia económica, políticas e presenças em redes de investigação e de partilha de conhecimento, o factor produtivo crucial para o desenvolvimento do país... Porque estar na NATO assegura mais do que mandar homens e meios para a Bósnia ou o Afeganistão: é a imagem do país e o direito a sentar-se em determinadas mesas, onde o nosso destino se vai decidindo...

Depois, no campo interno... a Justiça. Quase não se tem falado. Porém este é o sector mais crucial, a curto e médio prazo para o país:

1. em termos políticos e de Estado, porque o seu não funcionamento põe em causa a credibilidade das instituições e do próprio sistema democrático. Nenhuma sociedade democrática se manterá, a prazo, se não houver confiança nas instituições que lhe dão corpo...

2. em termos económicos: ninguém faz de taxista se não souber que lhe vão pagar no fim da "corrida". Não se pode estar no mercado sem saber se nos pagam e sabendo que a Justiça não dará resposta e, portanto, sem meios legais de obter pagamento. É a confiança, de novo, o elemento essencial da actividade económica. Se a justiça não actua, premeiam-se os free riders, os que não cumprem, e condena-se a economia. Não por acaso consultoras internacionais, todas elas, ao falarem da tractividade de Portugal para o investimento, colocam a incapacidade de resposta da justiça como o primeiro - e em muitos casos quase único - grande entrave!

A reforma da Adminsitração Pública. Nem o PS fala dos progressos conseguidos e da diminuição sem precedentes no número de efectivos - como prometera em 2005, nem a oposição fala da contestação, da insatisfação no interior da mesma, nem da "partidarização" da Administração visível a olho nu?

Mas tmbém a Saúde pouco tem sido falada. Nem a oposição capitaliza o descontentamento, o aumento dos preços e das novas taxas, da importação de médicos, nem o PS vem defender a subida do nível do sistema, da diminuição drásticas dos tempos de espera, da melhoria que os utentes efectivos do serviço, em geral, dizem sentir... ? Estranho silêncio...

Ora... e porque será que destes temas (quase) não se fala? Será que estão todos de acordo? Ou será que pelo menos PS e PSD estão de acordo? Ou será que é porque não produzem os maravilhosos 7 segundos para abrir noticiários? Ou será que são temas demasiado sérios? Ou que exigem demasiada ponderação? Ou porque não interessam aos meios de comunicação social, sobretudo às televisões, como diz o Abrupto Pacheco Pereira? Mistérios... que em nada beneficiam o país, que só ganhava em que todas estas questões fossem debatidas!

ACT: há artigos interessantes sobre as mudanças que ocorrem no país, sendo tratado, por todos os partidos, como se tudo estivesse na mesma (neste caso, como se desemprego fosse todo igual...), aqui