2011-02-27

Irlanda: será Portugal "a proxima vítima"?

Na Irlanda o Fianna Fáil (o partido do centro, à esquerda do Fine Gael e à direita do Labour) teve o seu pior resultado desde… 1921 e cede o poder ao Fine Gael (Centro-direita), em provável coligação… com  Labour! Mas, importante, não parece ter tido votação suficiente para uma maioria parlamentar (pelo que a estabilidade não estaria assegurada, caso ocorresse semelhante entre nós).
De relembrar que a situação Irlandesa é diversa mas também similar à Portuguesa em alguns aspectos
  • a última década de Portugal foi de estagnação, a Irlandesa de um fortíssimo crescimento (chegou a ser de 6 a 8% anos consecutivos), tirando a Irlanda, que aderiu à CEE (UE) em 1973, da cauda da União Europeia a 15 para o segundo país com maior PIB per capita, só atrás do Luxemburgo!
  • Ao contrário de Portugal, onde a nota foi a estabilidade ou a lenta subida, a Irlanda sofreu uma forte valorização imobiliária com os preços a subirem praticamente 100% na última década, até à crise financeira! Essa especulação explica parcialmente o porquê do colapso do sistema financeiro Irlandês (os “activos tóxicos”)
  • Já quanto a uma das explicações da crise Irlandesa, algo similar à Portuguesa, prende-se com um dos motores do crescimento: baseado em investimento estrangeiro, no caso Irlandês muitas vezes decidido pela diáspora, sobretudo por gestores de multinacionais norte-americanas, faz com que haja alguma crise económica quando esse investimento cessa, ou se retira, levando a uma falta de liquidez dramática num sistema de financeiro que, no caso Irlandês se havia “dopado” com esse afluxo de capitais pouco sustentável no longo prazo
  • As razões para o crescimento rápido são também parte das causas profundas do colapso financeiro Irlandês: além das razões culturais e emocionais, as razões mais fortes para o investimento estrangeiro eram a mão de obra qualificada (a aposta da Irlanda nos anos 70 e 80 para os fundos Europeus foi a formação… ), a língua inglesa e uma política fiscal altamente atractiva para o investimento… Ora isso implica que se o investimento parasse de aumentar, as receitas fiscais iriam cair dramaticamente, tornando deficitário um Estado que teve anos consecutivos de superavits… (algo diferente do Português…)
Em resumo: a crise Irlandesa é de natureza financeira, e tem forte potencial de recuperação económica, a médio prazo. A Portuguesa é económica, de base: crescimento nulo, ou pouco mais, na última década, e poucas expectativas de crescimento na próxima década. Ou seja: a crise Portuguesa tem mais relação com os “fundamentais”…

Por razões e com percursos diferentes, a verdade é que ambos os países tiveram, a partir de 2008, um problema grave de insolvabilidade… A Irlanda teve de recorrer à ajuda externa antes de Portugal, mesmo após ter cortado salários da função pública na casa dos 20%. O Estado foi forçado, em 2008, a ir em socorro da banca e em Novembro, teve de recorrer ao fundo de resgate da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI)- uma ajuda a 5% de juros anuais. Para muitos, esta perda de soberania financeira e as duras medidas de austeridade impostas ao país explicam os resultados eleitorais históricos.
A questão é então saber se em Portugal estaremos perante cenário idêntico – necessidade de ajuda externa – e se tal é positivo ou negativo, ou se é solução –, e se estamos também nós perante uma crise e uma mudança política. Com juros acima de 7%, e perante um crescimento nulo ou negativo, as perspectivas para Portugal para a próxima década são mais do que negras, apesar do louvável esforço na área das exportações e de indústrias inovadoras. Sócrates vai reunir-se com Merkel, a convite desta, antes da cimeira decisiva… E a instabilidade política é negativa, não ajuda nem irá ajudar, mas a verdade é que se as sondagens aguçam o apetite do PSD e as pressões internas sobre Passos Coelho aumentam. Este, porém, mantém-se calmo, não mostrando pressa de chegar a um poder que sabe que será duro, muito duro. E sabe também que é difícil ter sucesso sem o apoio de certas figuras, incluindo do mais influente Português da actualidade – Ricardo Espírito Santo, que claramente entende que eleições agora seriam negativas para o país.
PS: falamos da República da Irlanda “do Sul”, a independente, “a católica”, por contraste com a “do norte”, parte do Reino Unido e protestante na sua maioria)
PS: entretanto, dois artigos importantes para melhor compreender as nossas relações com o Magreb e as implicações da crise nesta região sobre o mercado petrolífero, de que representa ao todo mais de 35% do mercado mundial, e que explicam a atenção do mundo sobre os acontecimentos recentes na Líbia e nos demais países.
PS: E curiosos os links sugeridos por Pedro Magalhães no seu margens de erro, incluindo o link para a tese de Doutoramento na London School of Economics por Saif Al-Islam Alqadhafi, filho de Khadafi sobre… "The Role of Civil Society in the Democratisation of Global Governance Institutions: From ‘Soft Power’ to Collective Decision-Making?"!! E por falar em sociedade civil: interessante artigo sobre o futuro político de Fernando Nobre e da nossa cidadania…

2011-02-26

Para complicar algo mais…

A aviação israelita volta a bombardear a Faixa de Gaza, enquanto Khadafi resiste em Tripoli, apesar de o seu filho já reconhecer estar o país à beira de uma guerra civil.

Entre nós, é adiada a regionalização na moção de Sócrates, enquanto nós somos vistos como povo vaidoso que desperdiça recursos e Rui Machete é acusado de má gestão e até de alguma falta de seriedade… nos telegramas Wikileaks…

PS: Tripoli fica a 2106Km de Lisboa, enquanto Berlim fica a 2254 Km... Já Rabat fica sensivelmente à mesma distância que Madrid... 

O fim do regime internacional?

A Al Qaeda parece querer ajudar Khadafi, informando que apoia o fim do regime. Interna e externamente a pressão sobre a liderança é cada vez mais forte, o que leva a uma abertura à negociação (em declarações, falta saber se em acção, dadas as notícias de chacinas de opositores, inclusivamente entre os feridos nos hospitais! Enquanto a fuga continua - veja algumas imagens).

Este elemento (Al Qaeda) reforça a preocupação com o futuro do Magreb e, de modo mais lato, com o mundo islâmico. Obviamente nem todos os países têm a estrutura tribal da Líbia, mas não podemos esquecer que a maior parte das lideranças da Al Qaeda provém... da Arábia Saudita, ou seja, do Estado que detém 15% das reservas mundiais de petróleo e talvez o único capaz de aumentar a produção diária de modo substancial (a sua spare capacity actual é elevada). Aliás, foi ela que, mesmo antes da reunião da OPEP, que lidera, aumentou a produção de modo a que preços descessem aos níveis de quarta feira (descendo $10 num só dia, em Londres). Mas a questão permanece:
- até quando pode a Arábia Saudita permanecer controlada, internamente,
- até quando pode a Arábia Saudita absorver choques nos outros Estados?
- que ondas de choque pdoerá causar na economia mundial e, sobretudo, na Europeia?

O mundo é cada vez mais um local incerto...

PS: entretanto Espanha diminui a velocidade limite nas auto-estradas, a Itália pede ajuda à UE para fazer face à onda de refugiados, enquanto Portugal é "atingido" pelo Wikileaks...

2011-02-25

Reforços! Num artigo que não é sobre futebol…

Após ter anunciado a contratação do Director da RTP e de Judite de Sousa, a TVI continua a anunciar reforços… E veja-se só o novo nome anunciado: Alberto João Jardim também vai para a TVI

Khadafi culpa Bin Laden pela revolta popular na Líbia

Em discurso na TV, Khadafi culpa Bin Laden pela revolta popular na Líbia. O problema é que com este argumento, o ainda lider da Líbia:
  • levanta uma questão pertinente: no país mais tribal do Magreb, a hipótese da Al Qaeda ter uma base é algo que é verdadeiramente assustador para a Europa e… não é impossível…
  • aponta como inimigo o maior inimigo do Ocidente
  • pode bem ter alguma razão… o que se segue?
A questão Líbia e as dúvidas sobre a Arábia Saudita, o canal de Suez, e em todo o Islão, levam a que o petróleo suba 10% num só dia, quando a Líbia fornece menos de 2% do petróleo mundial…

2011-02-24

A espuma dos dias…

Enquanto Milhares de estrangeiros tentam escapar à violência na Líbia, a braços com o que se afigura virá a ser uma grande crise humanitária (com fugas de milhares de estrangeiros e migrações de grande escala) e uma eventual guerra civil, com a oposição a dominarparte do país, enquanto Khadafi está a contratar mercenários e se formam milícias)… o impacto global que tal causará é ainda imprevisível (e depende da duração da crise Líbia, do futuro do processo no Egipto e, talvez acima de tudo, depende do que vier a acontecer na Arábia Saudita. Certo é que o petróleo ameaça atingir preços inimagináveis, o que poderá gerar um agravamento da crise em países como Portugal, dependentes em larga escala da energia provinda de fontes não renováveis (15% dos nossos abastecimentos são provenientes da Líbia)…

PS: Dr. Henrique Neto: compreende a importância da aposta nas renováveis?

PS2: quanto mais instabilidade mais dificuldades… Mas há quem tenha dificuldade em compreendê-lo… 

2011-02-23

Barril de petróleo...

Barril de petróleo OPEP pode neutralizar instabilidade na Líbia - Expresso.pt

Actualizações

Há notícias de que, na Líbia, há deserções, entre ministros e entre militares (Tripulação se nega a atacar líbios e abandona caça em pleno voo – internacional) , e estimam-se os mortos em várias centenas.

PS: noutra frente, artigos preocupantes: dois sobre a influência da tecnologia nas nossas vidas (telemóveis e internet)

A partir daqui tudo é possível…

Adriano Moreira fala, há mais de uma década, da “Anarquia Madura” como o mote que melhor descreve o sistema de relações internacionais desde o fim da guerra fria.
Pois bem, hoje chegaram as notícias que tanto se esperavam/temiam…
- Os barcos Iranianos passeiam-se no canal do Suez com permissão do “novo” (será novo?!?) poder Egipcio, e sendo considerado uma provocação por Israel…
- As revoltas prometem chegar à Arábia Saudita, o mais importante produtor mundial de petróleo e o garante, ao longo das últimas 7 décadas, de algum equilíbrio no mercado da energia mundial (via OPEP)…. A família real saudita é o baluarte dessa estabilidade, mas está agora a prometer reformas e apoios sociais… Talvez demasiado tarde! Mais uma vez o facebook revela-se como a escolha dos jovens árabes, continuando a dar razão à Time (ver post anterior no Socrático). E, claro, além dos jovens, é também a revolução das mulheres
- Costa do Marfim mantém boicote de exportações de cacau. O trigo já subiu 62% no último ano! A crise alimentar junta-se à energética!
Na Líbia, onde os mortos são às centenas e onde Khadafi se recusa a abandonar o poder, mesmo contra alguns dos seus ministros e o descontrole de partes do país, incluindo a fronteira com o Egipto… No Iemen, onde o Presidente iemenita avisa que a “anarquia” não o derrubará . No Bahrein, onde até o Circo da fórmula 1 foi cancelado.
Tudo isto perante uma ONU impotente… E um mundo que olha com preocupação para todas estas convulsões. A crise financeira de 2008 pode gerar uma crise de segurança internacional de proporções inimagináveis até há pouco…

PS: por cá, duas mexidas signiicativas nas televisões, na SIC e na TVI… e ainda no mundo das imagens, o caso da violência de Estado nas prisões…

2011-02-21

A TIME tinha razão? ou… o mundo ao ritmo das redes sociais?

Contra a maioria da “vox populi”, que teriam preferido Wassange (o homem de 39 anos fundador da Wikileaks), a Time elegeu Mark Zuckerberg (o fundador - ou pelo menos o rapaz que nos trouxe o – facebook), como personalidade 2010…

E o início de 2011 parece dar-lhes razão: as revelações da Wikileaks causaram até agora algum “sururu”, obrigaram uns quantos a pedir desculpa a uns tantos outros, forçaram uns sorrisos amarelos e mostraram o que já se sabia: a diplomacia e a política internacional, no geral, são um jogo sujo, feito por homens e mulehres, uns mais ou menos bonzinhos como qualquer comum mortal, outros tão ou mais mesquinhos como os demais seres humanos, sob a capa de um sorriso e muita retórica…

Já o impacto das ferramentas online de comunicação em rede, as “redes sociais” parece ter impactos bem mais profundos. Ela altera a vida de milhões e milhões de pessoas, que passam horas “nas redes” e comunicam com centenas e milhares de pessoas que conhecem… ou não…

Redes sociais sempre houve. São a essência da natureza humana. Mas as ferramentas de comunicação online em rede, sobretudo o facebook e o twitter, e complementarmente o You Tube (Videos), dão às pessoas o “empowerment” pois permitem comunicação instantânea com centenas ou milhares de pessoas e uma disseminação de uma ideia, uma imagem, um evento, para milhares ou milhões de pessoas, em segundos….

E o início de 2011 trazem a prova de tal poder. As manifestações são convocadas por redes sociais (sobretudo facebook e twitter), e são depois comentadas e até ilustradas nas mesmas redes… Quebrando a barreira de silêncio de qualquer regime, superando as barreiras e as fronteiras, pelo eter, algo que nenhum “guarda fronteiriço” consegue deter, por muito que tente… É até algo ironicamente que no Egipto o “herói” seja… um colaborador da Google, que convocou as primeiras manifestações! (Em 2010 o Facebook foi mais procurado que… o Google!)

Mas o mais curioso é que, como se diz num título no Jornal de Negócios Oline, as Revoltas aceleram ao ritmo das redes sociais. E,para lustrar bem a diferença de eras, se os jovens manifestantes usam a internet, os regimes usam a TV, estatais, de preferência…. simbólico!

2011-02-20

Um pouco de cultura...

Presidente da Academia Internacional de Gastronomia: Temos de deixar de dizer que temos a melhor gastronomia do mundo

E, ainda no reino da cultura, mas agora entre o palco e a "tela" (onde o Irão volta a ser protagonista)

O Mundo Islâmico em ebulição... e não só...

Alguns artigos sobre a situação da Líbia, sobre incêndios, mortos, manifestações, repressão, raiva contra um regime com ... 40 anos!

E sobre as celebrações de uma vitória simbólica no Bahrein, manifestações em Marrocos (a capital mais próxima de Lisboa...),

Mas, como quase sempre, o que começa com uma sensação de libertação acaba em lágrimas... A incerteza sobre o fim do regime ou de ser apenas uma mudança aparente, já levantadas por Fareed Zakaria e por El Baradei, a abertura do estreito do  Suez a barcos iranianos (após 30 anos sem relações entre Egipto e Irão...), e a eventual abertura e fronteiras com Gaza mostram o potencial de novos conflitos na região... E de lembrar que a situação na Palestina e com Israel é verdadeiramente uma boa parte, senão o centro do problema...

Se a isto somarmos o potencial de subida exponencial dos preços do crude, dos alimentos e de outras commodoties... e crises como as do Afeganistão... O mundo pode estar a entrar num período extremamente complicado... Numa altura em que organizações como a ONU se confrontam com entidades "informais" de todos os tipos, como o G20...

Do lado da esperança: os sonhos de liberdade e democracia próxima dos modelos ocidentais podem ser reais nas novas gerações - com forte contacto com milhões de primos, amigos e familiares que vivem nas sociedade ocidentais - e, por outro lado, o que pode ser "a queda de um mito" entre esses mesmos jovens Árabes e Turcos: o fim do poder de sedução e de inspiração do regime Iraniano, substituído pela atracção e sedução do "grito de revolta das juventudes Árabes" sobre as juventudes iranianas (Persas)....

We life in challenging time...

Mais uma vez, recomendamos:
  • El Pais - Oriente Próximo
  • Fareed Zakaria (GPS, CNN: excelentes entrevistas e artigos sobre a situação, esta semana - incluindo alguns em defesa ou pelo menos em desmistificação da Irmandade Islâmica 
  • e também a entrevista de António Monteiro, um dos mais brilhantes e experientes diplomatas Portugueses, na SIC Notícias, no programa Sociedade das Nações 
PS: um jornal tablóide dá 6 semana de vida a um dos ícones e símbolos maiores da nossa era, Steve Jobs, o fundador da Apple e considerado o homem por detrás das definições de muitas das tendências da vida contemporânea, nem sempre positivas (as notícias sobre a sua saúde chegam a ter impactos de mais de 10% diários sobre valor da Apple, hoje a segunda maior empresa do mundo em termos de capitalização bolsista, atrás da Exxon!)

    Porque temos um país em crise?

    Penso que bastaria abrir um jornal – mesmo ao fim de semana - e pegar num pequeno conjunto de artigos para compreender as razões profundas da crise… São as pessoas! Somos nós…
    Lideranças fracas, muito fracas, a todos os níveis, sobretudo éticas, culturais, técnicas e intelectuais, e nós, que temos permitido que tal aconteça…
    E temos também permitido um endividamento cavalgante, não só do Estado, mas do país – que somos nós! O nosso deficit externo é uma “verdade estrutural” e atinge hoje níveis incomportáveis: o Estado apenas reflecte o nosso próprio comportamento colectivo e, como para muitos de nós, muitas suas receitas servem apenas para pagar juros…
    Cabe.-nos a todos tentar inverter o rumo decadente da nação…

    2011-02-15

    Dois projectos positivos… e Portugueses!

    Projecto Casas Low Cost quer recuperar a Baixa do Porto "a preços realistas"
    Portugal Music Export (e mais apoios para cultura)

    De salientar ainda, por cá, que a abstenção do PSD e do CDS-PP praticamente garante que só haverá queda do governo em Outubro... e abre brechas no BE, que cometeu erro grave...

    E já agora: diz-se que foi revelada uma das grandes ideias acidentais do século passado: a receita da Coca Cola!

    O dia de raiva em Teerão e não só...

     Autoridades iranianas responderam com violência ao "dia de raiva" em Teerão...
    Hoje pedem-se até a cabeça dos opositores: claramente o rumo dos acontecimentos é bem diverso do que ocorreu no Egipto...

    E no Iemen também há efeito dominó...Tal como na Palestina, na Siria, e até no Bahrain.

    E novos desenvolvimentos no Egipto : onde se prometem mudança constitucionais em 10 dias! E onde se recupera parte do espólio desaparecido!

    Mas podemos estar iludidos sobre

    2011-02-14

    Há uma década era previsto. Agora é confirmado…

    Economia da China confirmada como a segunda maior do planeta…
    Agora falta saber se estabilidade interna aguentará esta pressão, num país com história de 6 mil anos de união e fraccionamento…
    E convém relembrar que China, como India, bem mais dependentes de Médio Oriente do que os Estados Unidos em termos de fontes de energia desta zona, pois os seus outros fluxos, onde se incluem Ásia Central ou Angola ou Nigéria…   E por isso proibem notícias do Egipto, mesmo na internet! Até pelo risco de que haja contágio… (lembrar a pressão para que Estados não se fizessem representar na entrega do Nobel da Paz de 2010…)

    Há ou não uma reforma do Estado em curso?

    Lê-se no Publico: Ministério do Trabalho vai eliminar 170 cargos dirigentes no Estado.

    As questões:
    - será que falamos dos cargos de nomeação?
    - será que são cortes para permanecer?
    - será que não inviabilizam o funcionamento das unidades onde vão ocorrer?
    - há um plano geral ou estamos perante medidas avulso? Parece

    Exército egípcio continua seu domínio de poder

     

    Exército egípcio dissolve Parlamento e suspende Constituição - PUBLICO.PT

    2011-02-11

    Afinal Mubarak s(c)aiu…

    Após Mubarak ter anunciado, ontem, que não sairia… Algumas horas depois, hoje, o Vice-Presidente anunciou que Mubarak resignou… não deverá ter sido pelo seu próprio pé… Mas o fundamental não é isso.. é compreender o que pode acontecer no Egipto e em termos de equilíbrios regionais e globais… É algo que pode ter impacto na vida de todos nós… Por isso a demissão de Mubarakfoi assinalada em todo o mundo. Veja aqui algumas das reacções.

    Numa leitura rápida, parece que a tensão gerada pela recusa em sair por parte de Hosni Mubarak deverá ter os militares a ponderarem. As imagens da Praça Tahrir terão tido efeito: sentindo o risco de uma imprevisível guerra civil, terão visto na saída de Mubarak a única solução para diminuir a tensão, esvaziar a rua e a ideia de martirio e assim preservar os privilégios, controlando o processo de transição democrática... Por ora, e com o anúncio de que os militares, parece que as previsões de Fareed Zakaria se realizam - relembramos o post anterior, sobre o assunto.

    Tendências...

    Alguns artigos de leitura interessante, sobre inovação, sobre tecnologia e tendências...

    2011-02-10

    Recuos: afinal não há OPAs... Nem OPArt ... Nem Censura...

    A Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas recuou perante as pressões, as rejeições de grande parte o mundo artístico, das câmaras e de outros agentes, como Jorge Salavisa...

    Também o BE recuou na sua vontade de derrubar o governo... ou pelo menos criou as condições para que tal não aconteça...

    2011-02-09

    Parceiros europeus?

    A Europa  tem múltiplas facetas...

    Da normalização e standardização (das salsichas aos chocolates, das frutas aos carregadores de telemóvel,...) , à introdução de liberdades de circulação diversas, e assegurar um ´"árbitro" que olhe pelas regras da concorrência,  passando pela moeda única e a crescente tentativa de uniformização, falando-se já em governo económico... mas a verdade é que Merkel e Sarkozy geram revolta dos parceiros europeus contra nova imposição franco-alemã ... 

    Sim, de facto em Bruxelas debate-se muito do nosos futuro, mas também se decide muito do nosso presente, em quase todos os aspectos da nossa vida quotidiana... Convinha estarmos atentos ao que por lá se passa...

    nós por cá....

    Cavaco Silva cumpriu e implenta já, mesmo ainda durante o primeiro mandato, a sua magistratura activa... Vetou um diploma do Governo pela primeira vez, proibindo farmácias de mudar receita médica, vendendo pela substância activa e não pelo nome do medicamento.

    Analisemos a posição dos "participantes":

    - Os médicos perderiam o poder de prescrição (ou, numa tradução livre, perder o controle sob escolha do cliente final, o paciente). Com isso seriam conselheiros mas não seriam os verdadeiros decisores. Ou seja: deixariam de ser decisivos na escolha. Por um lado perdiam controle sobre cura, mas também perdiam boa parte da sua atractividade perante farmacêuticas... diminuindo provavelmente as suas benesses que daí derivam (menos viagens ou congressos, menos atenção, menos "formação"...)

    - as farmácias ganhariam, por seu lado, o poder de "ir vendendo" o que têm em stock, ganhando flexibilidade de gestão, mas sobretudo passariam a ser decisivos na escolha final do produto, quando agora são meros executores... ganhariam não só nova atenção dos laboratórios como... capacidade negocial junto dos laboratórios e distribuidores!

    - os laboratórios/as farmacêuticas têm muito a perder... não só porque peso dos genéricos aumentaria, como teriam de ceder nas margens às farmácias, teriam de ter promoção de ponto de venda (!), como o elo que têm com os médicos teriam menos impacto - a prescrição deixaria de significar a compra! - e obrigá-los-ia a dispersar os orçamentos que hoje dedicam à "informação médica" já não só pelos médicos como também pelos directores técnicos e mesmo outros técnicos das farmácias!

    - o Estado tem muito a ganhar, pois genéricos subiriam, e com isso o deficit da saúde... Aliás as medidas que o governo tem tomado vão todas no sentido da redução da despesa do SNS, sobretudo via comparticipação medicamentosa

    Não estranhamente: os médicos e os laboratórios são muito contra, as farmácias a favor... Por ora Cavaco vetou, tendo sido mais sensível aos argumentos dos médicos...

    PS: Já a Igreja parece aprovar o smart-confessionário móvel... enquanto parece que nada de essencial muda... nem na JS nem nos municípios! Um miúdo de 26 anos com salário acima de professor universitário doutorado ou de um juiz...

    Egipto: ainda dura...

    A tensão sobe de tom e os riscos aumentam... o cenário de guerra civil não está fora de questão, mas não é, felizmente, o mais provável - pelo facto de os militares terem o controle da situação e apesar de tudo não parecer haver fracturas internas significativas no seu seio. Para os militares, além da defesa dos seus próprios privilégios, estarão do lado da defesa das instituições, da estabilidade, da preservação da ordem e da dignidade do Estado, compreendendo porém os anseios de maior liberdade... e de maior desenvolvimento...

    Neste ambiente, e perante as palavras do actual Vice-Presidente, sobre o fim da "tolerância" com as manifestações, um "dia negro" que force o final dos protestos pode marcar um fim dramático deste levantamento popular, até às eleições de Setembro. A menos que as pressões norte-americanas se revelem mais fortes... e a saída de Mubarak seja inevitável em função das pressões internacionais e de notícias que o descredibilizam cada vez mais, nomeadamente sobre a sua fortuna!

    2011-02-07

    Mohandas Gandhi

    Mohandas Gandhi

    Fareed Zakaria GPS

    No seu programa na CNN, GPS, Fareed Zakaria, tal como no seu artigo na Time dá-nos uma visão mais profunda do que se passa no Egipto: o risco dos Ocidentais é pactuarem com orquestração militar. Se isso for visto desse modo, então o risco de o Egipto se tornar num novo Irão é real. Caso contrário isso não acontecerá. O Argumento:Os militares estão no poder há décadas, antes de Mubarak. Têm largos privilégios. Dominam grande parte das indústrias do país. Dominam o seu comércio internacional. Vivem em estado de excepção À décadas. Não vão ceder os seus privilégios facilmente.
    Ora, nos últimos dias temos visto reforçar o poder das Forças Armadas:
    - dominam a rua
    - conquistam apoio entre a população ao não agir, aparentemente
    - sairam agora os ministros civis, e mais de 50% do gabinete é agora ocupado por militares;
    - estão dispostos a deixar cair Mubarak, se isso permitir permanecerem no controlo, sob uma fachada democrática;
    - 80% dos Governadores de Província são agora militares.
    No fundo, sob a fachada de "amigos" de uma transição democrática, estão a reforçar o seu poder e privilégios, criando condições para a sua perpetuação no poder. Mas a rua está agora descontrolável. Mais cedo ou mais tarde, talvez após saída de Mubarak, revoltar-se-á contra manutenção do status quo, compreendendo que o regime não é o de Mubarak, mas o dos militares.
    A Irmandade Muçulmana, criada em 1928 mas que há muito renunciou à violência, apesar de ter sido a grande força de oposição nas últimas décadas, é estimada valer 25% dos votos. Não chegará ao poder sozinha. MAS...
    Para Zakaria, se os Ocidentais, sobretudo os EUA, forem vistos como estando associados a esta tentativa de manutenção de poder, então o risco de revolta,  de extremismo, é potecialmente maior, aumentando as hipóteses de se repetir o que aconteceu em 1979, com a deposição do Xá e a instalação do regime dos Ayatolas, no Irão...

    2011-02-06

    Passos Coelho imita Guterres?


    Numa altura em que Marco António relembra Guterres, também Passos Coelho (será o ano dele?) toma iniciativas que relembram o actual Alto Comissário dos Refugiados... PSD prepara governação em debates com personalidades. A seguir com muito interesse...

    (ainda a nível da política interna... uma notícia que também pode revelar "procedimentos preparatórios": António Costa muda-se para o Intendente de forma a combater o estigma que afecta aquela zona...)

    O século da interdependência global..

    Em termos de potencial conflito as grandes questões do século XXI são:

    - a água e o acesso a água potável (e, em menor escala, o acesso à produção alimentar)
    - o acesso a fontes de energia
    - os choques culturais, civilizacionas e religiosos, bem assim como as migrações.

    No essencial estas são reflexo das questões de sempre: sobrevivência e identidade (e supremacia).

    Só que, no século XXI, há duas novidades:
    - a questão da água passa a ter um destaque reforçado - (já não é apenas o tradicional acesso aos cursos de água, fundamental para a agricultura, pecuária e indústria, mas o acesso a água potável em quantidade suficiente
    - todas estas questões não só superam fronteiras políticas (água, energia, cultura e religião) como têm agora dimensões globais. Até ao século XIX, de algum modo, o uso dos recursos locais poderia permitir confinar os conflitos à escala regional, entre vizinhos próximos. O século XX é o século da transição e por isso teve dois conflitos de algum modo quase-globais. Mas se a àquelas dimensão somarmos a questão das NBQ (armas Nucleares, Biológicas e Químicas) cujo alcance é planetário e cuja transportablidade as transforma em assunto de todos... e considerarmos a rapidez da circulação da informação, vemos que a interdependência é o resultado inevitável. 

    E é por isso que o processo em curso no Egipto nos afecta a todos. Para quem não acredita... o preço da gasolina que metemos no carro de manhã subiu poucos dias depois do início do conflito!

    No CRI temos um pequeno artigo Quatro partes envolvidas da questão do Oriente Médio realizam conversações em Munique que mostram como o mundo está a seguir de perto o processo.

    (Nota: a própria existência da CRI - China Radio Internacional, denota esta interdependência: a China preocupa-se em ter um meio de comunicação que a dê a conhecer ao mundo... impensável até recentemente!)

    As demissões de grande parte da elite dirigente Egípcia, que ontem aqui referimos, poderão ser fruto das pressões norte-americanas.
    Esta demissão colectiva, inclusive do filho de Mubarak, parece ter como objectivo permitir a manutenção na Presidência de Mubarak, para que este possa assegurar uma transição pacífica em conjunto com os militares, e para que possa permanecer no Egipto, sem ter de se exilar - um dos objectivos que enunciou no discurso que fez aos Egípcios e ao mundo, há uns dias.
    Desde aí os Norte-americanos mantiveram a defesa da ideia da necessidade de reformas imediatas (algo que apela "à rua árabe") mas também iniciaram um discurso focado na preocupação com o risco do processo gerar um caos incontrolável ou um vazio de poder. A ONU, pela voz do seu Secretário Geral, Ban Ki-Moon juntou-se a estas vozes, tal como o Papa Bento XVI. Ora, desde há uns dias, os EUA defendem a manutenção de Mubarak como garante dessa transição pacífica - as  declarações de Frank Wisner, globalmente noticiadas, e de Hillary Clinton vão nesse sentido.

    Tudo leva a crer que poderá ter sido esse o acordo: Mubarak cede, reforma, afasta parte da elite mais corrupta, saí em Setembro, mas fá-lo com dignidade, no seu timing e não "em fuga", e tenta garantir uma transição pacífica. O regresso à normalidade (os bancos estão a reabrir) e o diálogo (a irmandade muçulmana reune-se hoje com o Vice-Presidente, um general...) seriam uma prioridade.

    A questão à luz da qual se deve analisar agora os cenários em aberto é se esta "jogada" ainda será a tempo de evitar o tão temido caos, que pode ser traduzido directamente na (in)segurança regional, como bem vem recordar a sabotagem do gasoduto que liga o Egipto a Israel.
    E por isso devemos ter em mente que, no mundo interdependente, não é só o Egipto que está em causa. O mundo sabe-o, e por isso há manifestações de solidariedade com o povo Egípcio por todo o mundo, comona Argentina. E o mundo também sabe que mesmo que, mesmo que no Egipto o caos seja contido, falta saber se no resto do mundo e sobretudo do mundo árabe (*) a situação é controlável ou estão já libertadas forças e energias acumuladas que não poderão ser travadas: Jordânia, Tunisia, Argélia (de onde vem boa parte do gás que consumimos), Iemen e até na Arábia Saudita há focos de tensão que se libertam...


    (*) o El Pais é um dos jornais, a nível mundial, que se tem distinguido pela riqueza da informação e pelos artigos de contextualização de ajudam a compreender o que está verdadeiramente em jogo.Os seus dossiers são da mais alta qualidade.


    Algo que deveríamos olhar com cuidado, com muito cuidado, são as declarações de David Cameron, que reproduzem as que a Sra. Merkel proferiu há alguns meses: o fracasso do multicuturalismo e necessidade de políticas musculadas de integração. Não parece que a França tenha conseguido melhore resultados que o Reino Unido em termos de integração de minorias étnicas e culturais...

    2011-02-05

    Ainda o Egipto e o futuro…

    Durante o dia de hoje surgiram diversas notícias, algumas contraditórias, sobre o processo revolucionário em curso no Egipto...  

    Parece que se confirma que os Chefes do partido no poder no Egipto abandonam cargos - (Publico), incluindo o filho de Mubarak, e há notícias de que ElBaradei admite candidatar-se a presidente, mas por outro lado, a notícia da Demissão de Mubarak veio a ser desmentida pela televisão estatal.  
    Aparentemente demitem-se os "imediatos", para poder permanecer o "comandante" no seu posto... Será que ainda a tempo? A reforçar esta ideia, e muito interessantes são as notícias que focam na dimensão internacional do processo e do seu potencial impacto na região e no mundo, seja a nível político seja a nível económico. No Jornal do Brasil lê-se que Crise política no Egito intensifica mobilização de líderes mundiais enquanto o IOL, citando a Reuters, publica que Estados Unidos defendem que «Mubarak deve ficar» através de Frank Wisner, enviado especial de Barack Obama à conferência de segurança que se realiza em Munique. Implícita a ideia de que será o único com condições para implementar as mudanças necessárias e assegurar uma transição política pacífica bem sucedida. A mesma notícia surge em O Globo.

    Todo este acompanhamento diário da situação por parte dos líderes mundiais, ou a volatilidade dos preços do crude ou mesmo de diversas commodoties e até dos alimentos, é prova da importância estratégica crucial do Egipto, que já havíamos referido...

    2011-02-04

    Islão e Ocidente...

    Videos de conferências sobre o Ocidente e o Islão: obrigatórios!

    (e um obrigado ao Vicente Ferreira)

    Egipto… em actualização

    O Egipto, ao contrário da Tunisia, é um pais chave a nível internacional.Tão chave que era um dos 10 países em que se fala quando se fala de alargar os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. O maior país Árabe, em população e em história, bem como o mais determinante em termos dos equilíbros na região: a sua relação de algum equilíbrio com Israel que fazem do Egitp um tampão e um intermediário dessa relação, bem como a gestão do canal de Suez, por onde passa a maior parte do comércio Ocidente-Oriente, são determinantes. Estes dados mostram a sua importância não só para a região como para os delicados equilíbrios internacionais, políticos, diplomáticos, militares, económicos, e até sociais e culturais e religiosos. Não por acaso o atentado contra os Cristãos Egípcios (um ramo do Cristianismo cuja importância histórica e simbólica é inegável) de há uns meses teve forte impacto mediático e mereceu até veementes comentários de Bento XVI, e é também essa importância que justifica a centralização noticiosa que se está a dar no Ocidente a esta “revolução” cujo futuro é ainda incerto. Os cenários de guerra civil ou de tomada do poder pelos extremistas islâmicos (apesar de a maior parte da sociedade egípcia não lhe ser favorável é um grupo com importância e peso político, até por representar “a esperança” e ter uma imagem de “seriedade” anti-corrupção e nepotismo), não estão excluídos e poderiam, de facto, representar sérios problemas em termos não só regionais como globais, com consequências imprevisíveis a nível político, militar e económico.
    A presença de Elbaradei como rosto deste movimento, aparentemente um homem moderado e um democrata ponderado, poderá ser uma garantia, sobretudo no caso de vir a emergir como líder do Egipto e se puder contar com os militares, tradicionalmente uma classe entre as mais democráticas e serenas nos países com movimentos radicais islâmicos. Mas…Era interessante que os nossos meios de comunicação publicassem um dossier, com artigos sobre o último século do Magreb, para se compreender a dinâmica que conduziu a libertação dos impérios, ao papel destes territórios nas duas guerras, como evoluiram para as indepências formais, como evoluiram em termos culturais e religiosos, como serviram interesses EUA e/ou URSS durante a Guerra Fria, e como se relacionam entre si e com o resto do mundo, nomeadamente Europa, dos quais são vizinhos próximos... E, claro, a relação com raízes milenares, com o povo de Israel, e a sua natural rejeição da criação do Estado de Israel.... Isso ajudaria a compreender o que se passa, o que está em jogo, e o que se poderá passar...
     Dia 4:

    2011-02-03

    A democracia também está em recessão?

    Aprendemos que a democracia também está em recessão - Mundo - PUBLICO.PT, um texto de Teresa de Sousa sobre o qual vale a pena reflectir… por estes dias, e sempre!

    Mundo Árabe… e Vizinhança...

     Mais abaixo estão "hiperligações" para algumas das notícias dos últimos dias...
    Rabat está a alguns Kms menos de Lisboa, em avião, do que Madrid… o gás natural que usamos vem da Argélia. Muitos empresários têm investido no Magreb nos últimos anos. Portugal faz parte do mapa do “Califado” que a Al Qaeda pretende restaurar… Apesar de tudo isto foram precisas revoltas populares de grande escala para os nossos meios de comunicação olharem… para os nosso vizinhos! Será que ainda vamos a tempo?

    2011-02-02

    A importância de ser sede de organizações internacionais

    Valença Pinto destaca importância de manter NATO em Oeiras | Económico
    A importância de ser sede de organizações internacionais é muitas vezes subestimada, mas as vantagens são inúmeras. Desde logo para a cidade e região onde ficam sediadas – pelas gentes, pelo poder de compra, pela diversidade, pelo intercâmbio, pela elevação dos níveis culturais, sociais e económicos. Mas também pela influência que se consegue. E a influência hoje é capacidade de ter, em momentos críticos, capacidade de ter auxílios, apoios, ou de conseguir dados negócios.
    O caso da China, que entre os argumentos usados para olhar Portugal com especial atenção em termos de investimentos estavam a sua presença e peso de influência nas organizações “ocidentais”, e sobretudo a sua actual presença como membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU. E, não por acaso, de modo acrescido, por ser o país que preside ao grupo de fiscalização das sanções da “comunidade internacional” à Coreia do Norte…
    Do mesmo modo que os termos de troca dos bens, ou os ditos “preços internacionais de referência”, que em larga medida determinam quem é mais ou menos “rico”, são ditados pelo grau de poder, pela força militar, pela capacidade de influência… Pois em última instância os preços do café ou do cacau, ou de tantos outros bens, são formados bem longe de quem os produz… E são ditados por jogos de poder, mais do que por leis económicas “racionais”…

    A Europa, o Mundo e o futuro...

    Alguns artigos das últimas semanas, particularmente para o futuro, sobretudo do "ocidente"... e um particular foco na Europa...

    2011-02-01

    Ciência, Cultura, Tecnologia... um mês em revista...

    A Lusofonia... a CPLP... o Mar...

     Este post será apenas um apontamento. Mas esta rubrica dedicada à Lusofonia e à nossa história de 500 anos, terá sempre presente a ideia do triângulo "de compensação" Brasil-África-Portugal ... e nesse sentido será sempre uma homenagem aos Professores Ernâni Rodrigues Lopes e Adriano Moreira

    Devolver a casa é suficiente para saldar hipoteca?

    Em Espanha devolver a casa é suficiente para saldar hipoteca - Economia - Jornal de negócios online
    O príncípio, aceite pelo tribunal espanhol pode revolucionar o sistema financeiro Europeu e até, em parte, o nosso modelo de vida…
    Na Europa, onde até aqui a entrega do imóvel hipotecado (garantia real) não anulava a dívida ao banco se o imóvel não tivesse valor suficiente para tal, a banca não tinha este problema. No entanto, sobretudo no Reino Unido, Espanha e Irlanda, onde os preços dos imóveis na última década subiram em flecha (com valorizações do parque imobiliário na casa dos 50, 75 ou até 100%), a aplicação deste princípio pode gerar um grande problema ao sistema bancário, ainda que possa também aliviar muitas famílias e pessoas, sobretudo os que entraram em desempego.
    Em Portugal, onde o parque imobiliário, hoje, tem um valor mais ou menos idêntico ao de há 4 ou 5 anos atrás, esta questão terá menos impacto…. mas se se levantar poderá ainda ajudar algumas pessoas e famílias, mas complicar a vida das instituições financeiras…
    Aliás, é de relembrar que uma das causas directas para a crise financeira mundial de 2008 foi… este princípio, que é o princípio do sistema hipotecário norte americano. O que sucedeu? Simples: após anos em contíinua alta, quando as casas começaram a baixar de preço, e num país com alto índice de mobilidade (estima-se que mais de 10% dos norte americanos mudem de Estado todos os anos, devido a mudanças de emprego ou outras razões), tornou-se compensador deixar a casa ao banco e, desse modo, libertar-se de uma dívida cujo valor era superior ao do imóvel. Ao fazê-lo em números elevados os norte-americanos geraram várias consequências:
    - nova onda em baixa do preço médio dos imóveis (o mercado ficou inundado de imóveis disponíveis, que estavam agora na mão dos bancos, que não ocupam todos esses imóveis, levando assim a “rebentar a bolha”)
    - falta de liquidez dos bancos, que têm agora “tijolos” mas deixam de ter entradas de “cash” mensal, tendo trocado “dinheiro por tijolos”, que é o contrário do negócio e da lógica de criação de valor dos bancos, que passam assim a ter problema de tesouraria e dificuldade na concessão de novos empréstimos (que seria o seu negócio), além de dificuldades de cumprimento de obrigações anteriores. o Lehman Brohers sucumbiu a este incumprimento – era um banco com activo superior ao passivo, mas incapaz de cumprir as suas obrigações de curto prazo…
    - problemas de “solidez” e “solvabilidade” pois desaparecem do seu balanço o valor dos créditos que tinham sobre estes clientes que agora entregaram os imóveis, para passarem a ter no activo apenas… os tais imóveis que valem agora menos do que os créditos que tinham…. entrando numa nova espiral de desvalorização que atingiu em muitos Estados os 30, 40 e até 50%! Esta espiral arrasou com os balanços de alguns bancos que estavam expostos ao sector imobiliário norte americano em demasia… Esta UMA DAS causas da ruptura financeira de parte do sistema…

    Isto liga-se, claro está, ao ressurgimento dos alugueres, mesmo entre nós...
    Procura de casas para arrendar está em máximos de 15 anos

    A seguir atentamente…