2009-08-07

PSD: um partido em busca da sua identidade confunde seus eleitores...

Tenho vários amigos do PSD que andam desnorteados. (nota: também os há, os desnorteados, e também os tenho, os amigos desnorteados, no BE e no PS... E, claro, todos os CDS puros andam há anos órfãos... a esses vejo-os mesmo perdidos desde que Guterres saiu do país... Voltaremos a este tema).

O desnorte e até indecisão dos votantes, e até de filiados, do PSD tem diversas facetas:

- Acham Socrates um bom líder, firme e resoluto, como acham que um líder deve ser (vide Cavaco...)
- Acham que Sócrates tem a energia e a dinâmica que o país precisa de um líder, para mais em altura de crise
- Acham que as prioridades de Sócrates, no essencial, fazem sentido, tal como fazem muitas das suas opções - como energia, internacionalização, plano tecnológico, qualificação, etc. Também acham que Teixeira dos Santos foi um dos mais sérios e mais competentes ministros das finanças em Portugal, controlando o deficit; que Pinho apesar de ser algo "weird", deu tudo por tudo pelas PME, e contou com IAPMEI e AICEP a melhorarem muito no apoio efectivo às empresas; acham que é verdade que pela primeira vez Estado perdeu 50.000 funcionários e que para mais, há pela primeira vez mecanismos de avaliação a funcionar que levam funcionários públicos a dizer "temos objectivos", que permitiram simplificação de processos (o SIMPLEX terá as suas falhas, mas apesar de tudo é um passo, e mostra uma vontade, uma dinâmica...) e o começo de uma orientação-cliente (cidadão); acham que para mais não temeu afrontar as classes "mais PS", como professores, magistrados e juízes, e até médicos... dando mostras de que com outro mandato poderia alterar profundamente o rosto do país...
- Acham, sobretudo os ligados a empresas, que MFL é incapaz de um rasgo, de motivar, de liderar... e por isso não a querem como Primeiro Ministro
- acham que MFL, mesmo que tivesse um perfil de liderança, não tem ideias modernas que permitam esperar um país melhor, antes pensando como "contabilista", usando esquemas mentais ultrapassados (um pouco Salazarista na sua visão das contas públicas), e não sendo nada arrojada ou aberta à frescura de novas ideias ou de novos conceitos, nem sequer de novas tecnologias... Não deixa de ser uma avó...
- Ficam perdidos ao olhar para um partido sempre fracturado e sem rumo, muitas vezes sendo pouco sério, com mudanças constantes de opinião, atacando investimentos por si definidos e atacando o próprio funcionamento do mercado (o cerne da crença PSD... mesmo da ala esquerda do PSD!), ameaçando "tudo rasgar", sem quae nada propor...

Em suma... estão sem saber se podem, ou devem, "trair" o partido, e
1. não votar PSD (a maioria, de facto, irá fazê-lo... ao contrário do que fez nas Europeias, em que votar PSD era o mais natural... e Paulo Rangel podia ser filho de MFL...)
2. Votar Socrates... (maioria não o irá fazer)... A traição seria maior... E a consciência poderia pesar... Mas esperam, sinceramente, que vença, a bem do país...

Mas a verdade é que a indecisão destes eleitores, tem uma razão de ser profunda. A mesma que explica que o PSD não chegue ao poder desde Cavaco, de modo consistente: o problema de identidade do partido...

Senão vejamos: afastar PPC das listas e assim hostilizar parte do partido é solução?

Lê-se: «É um erro táctico. Primeiro, ninguém percebe que, em nos de três semanas, Maria José Nogueira Pinto esteja numa candidatura ao PSD e depois esteja contra, nomeadamente em relação a Lisboa. Segundo, os resultados eleitorais legislativos não perspectivam que o PSD ganhe com maioria absoluta. Nenhum partido terá maioria absoluta. (¿) Ora, o nosso aliado natural seria o CDS-PP. E não é com este tipo de programas que se cria um ambiente positivo para que isso venha a acontecer. Terceiro, se o PSD quer ganhar as eleições tem de se mexer à esquerda, não é por dar orientações mais à direita que vai conseguir mais votos».

Erro táctico? Nem por isso... O problema do PSD é um problema de IDENTIDADE, de um ADN que não corresponde aos sues quadros, nem estes ao seu tecido social... Mas não está só... O PS também já andou perdido e nos últimos 4 anos afastou-se um pouco da sua matriz social, o PP pouco ou nada tem de comum como CDS, o BE não tem, hoje por hoje, identidade. O PCP (via CDU) é hoje o único partido em que teoria e prática, quadros e votantes, são no essencial coincidentes...

O PSD é um partido que se posiciona num arco de centro que vai da esquerda moderada - centro (social democracia europeia sempre se posicionou aí, e o Programa de Sá Carneiro é aí que se situa, com os toques de liberalismo económico de um programa "burguês" e "empresarial" a colocá-lo de facto praticamente no centro do espectro político) até ao centro-direita (conservadorismo moderado, em que Mota Amaral representaria o ponto mais à direita do PSD), passando pelo centro direita e direita das alas liberais do PSD (de que Balsemão foi o primeiro rosto... mas em que Santana ou Passos Coelho representam hoje outras variantes)

E se tem como aliado natural, no dizer da maioria dos seus quadros... o PP de Paulo Portas (em termos idológicos é óbvio que o aliado natural do PSD é o PS, com o qual tem largas áreas de sobre-psoição seja em termos ideológicos seja em termos programáticos e de votantes...), e se faz dessa "aliança natural" uma declaração pública (MFL também a fez, ao dizer "bloco central jamais" e ao afirmar-se contra diversas bandeiras da esquerda de hoje (direitos dos homossexuais, eutanásia, etc.)... então o PSD de hoje indica ao eleitorado pender para a direita (deixando então ao PS um espaço grande ao centro)...

Potenciais candidatos futuros: Pedro Passos, Rui Rio, Morais Sarmento. Menos prováveis mas a considerar: Paulo Rangel e Aguiar Branco. Mais dificilmente: Marcelo, Alberto João, Santana Lopes ou Marques Mendes.

Marcelo... e não só...

Marcelo Rebelo de Sousa junta-se às vozes críticas ao estilo de liderança que as decisões fracturantes (para não usar outro termo...) de MFL quanto às listas do PSD para a AR apontam.
As críticas de Marcelo são em tom muito similar ao de Ângelo Correia na SIC Notícias.

Morais Sarmento também "entra em ruptura" e critica decisões ainda que elogiando MFL...
Claro que há quem elogie... aquI. Os resultados eleitorais dirão qual a leitura correcta...

Quanto a um bom artigo de opinião (entre muitos que podíamos indicar) sobre política (sim, sobre esse assunto SÉRIO e NOBRE que muita gente desconhece, nas zonas da Lapa, do Rato, do Caldas...) ... aqui

2009-08-06

Portugal Positivo... (parte 6)

Cartaxo aposta em Cidade do Conhecimento.
Na realidade Óbidos tem projecto não menos interessante...

Estado e Sociedade... Verdes e Éticas...

1. Mais passos VERDES... neste caso... reciclados... :-)

2. A caminho de um Empate? Estado deve 3.2 mil milhoes á economia privada, Retenções não entregues são 2.2 mil milhões, aqui

3. Questão das reformas a cidadãos activos, sobretudo na área política... mais do que uma questão legal, é uma questão ética pertinente, em nome da credibilidade da política...

igualdade de candidaturas vs. direito liberdade contratual...

Um tema sobre o qual vale a pena reflectir... aqui...

PSD, as listas e a liderança... (act. 6.Ago)

Manuela Ferreira Leite cometeu nos últimos dias alguns erros graves, prejudicando o PSD e... o país... Creio que deles se virá a arrepender.

Desde há uns dias, o PS entrou "em Férias". O PSD tem o protagonismo mediático que tanto exigiu e solicitou.
Aproveitamento? Negativo.
Porquê?

1. Ao apostar na "VERDADE" e na "RENOVAÇÃO" comos traves mestras da sua campanha (dos motes dos cartazes ao "Portugal de Verdade"...), MFL chama a si o tipo de conduta política que os Portugueses mais sentem precisar - dada a alargada descrença no Estado e na classe política e no sistema judicial - MAS, a partir do momento em que o anuncia, impõe a si mesma e ao PSD a necessidade de ser... exemplar...

2. Ora, para quem se diz representar a renovação e a verdade, as politiquices não são admissíveis... O show de politiquice interna na elaboração de listas e as fracturas internas, que se contrapõem à falta de um programa digno desse nome, dão do PSD uma imagem de um partido com ainda mais politiquice do que o PS... Se a grande crítica ao PS é a "tomada do Estado" pelo partido, a imagem que fica é que será ainda pior se for o PSD a formar o próximo governo...
Pior ainda: este processo passou para a opinião pública a ideia de um partido em que RENOVAÇÃO é o que não há (maioria das escolhas "novas" são ex-líderes PSD do período Cavaquista... e "filhos de") e em que critérios éticos defendidos (como a questão dos candidatos não serem arguidos) caem por terra na primeira lista a elaborar... Ou seja: em que VERDADE é um "mote" mas não mais do que isso, numa espécie de invocação vã de algo tão caro aos Portugueses, que dela sentem andar tão carenciados, e num tiro que mina a sua credibilidade!

3. Outra dimensão importante para os Portugueses é a confiança. Para tal, entre outros eixos importantes, está o da governabilidade. Logo, de PS e/ou de PSD, os eleitores exigem que demonstrem coesão e abrangência. Ora os últimos dias, os tais em que o PSD teve o protagonismo mediático mostram bem as clivagens internas, de um partido com demasiadas vozes, em que cada um tem a sua própria agenda (qual a necessidade de Marques Mendes falar nesta altura, levantando mais uma polémica, com a exclusão de arguidos de todas as listas?), e com uma chefia autoritária e não democrática... Ou seja, o PSD mostrou que tem menos condições de ser governo do que o PS, por ser menos coeso e conviver menos bem com diferenças internas (apesar de tudo PS alia-se a Roseta e Sá Fernandes, convida e elogia Alegre, que mantém o seu peso e mantém-e no partido...).

4. As conclusões mais importante a retirar destas exclusões são, porém, ainda mais devastadoras:
i) Ao afastar Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas, MFL está a afirmar que 31,5% dos votantes das últimas eleições internas não merecem ter representação parlamentar... Significa que parte do seu partido não tem qualidade?
ii) ao afastar os representantes maiores dessa parte significativa do seu partido, MFL está a demonstrar mais uma vez a sua veia "não democrática", e de não respeito pelas minorias... e MFL "só" teve 37%, imagine-se que tinha tido mais de 50%...
iii) ela torna público que não perdoa, e que prefere manter um clima de guerra interna a unir o partido... o que fará ao país?
iv) com este passo, e a animosidade criada, ela garante que, se perder, a sua cabeça rolará de imediato, pois nada lhe será perdoado... Ao optar por retirar-se a si mesma qualquer margem de erro, ela demonstra ou desinteresse pelo PSD ou alguma falta de compreensão dos mecanismos de poder (e, se assim for, denota eventual falta de inteligência...)
v) garante ainda que, se ela for afastada da liderança, e dado que o grupo parlamentar corresponderá apenas a uma ala do partido, haverá provelmente uma "guerra" entre Partido e Grupo Parlamenttar... que responderá contra a liderança do partido...
Marcelo, Ribeiro e Castro no CDS-PP, Menezes ou a própria MFL, encontraram esta situação ao ganhar o respectivo partido... foi algo que lhe dificultou e dificulta a vida, mas parece que ela não quis mostrar ter aprendido a lição, antes preferindo a "vendetta" e prejudicando o PSD (se MFL sair, seria do interesse do PSD ter um futuro líder no Parlamento)...
vi) De quem defendeu "a suspensão da democracia por 6 meses" pode sempre levantar-se a questão sobre a sua capacidade de dialogar (e de ouvir os Portugueses, algo que aparece nos cartazes!)... Ao tomar esta opção, MFL reforça a ideia de que, aparentemente, não é mulher de estabelecer pontes e, muito menos, estar aberta a opiniões divergentes, mesmo dentro do seu próprio partido... imagine-se no país!
vii) Todos os estudos e o próprio bom senso mostram que as boas lideranças são as que fogem de um sistema em que líder apenas ouve os "Yes Man" e excluí opositores e todos aqueles que têm ideias diferentes ou que dão sugestões "não alinhadas"... A coesão é importante MAS este método de liderança conduz não só a um certo autismo como a uma limitação muito grande das opções e da própria qualidade da análise, enviesada e cada vez mais distante da realidade... Ora sem boa análise e diagnóstico, é improvável chegar a boas soluções e, sobretudo, chegar às pessoas...

A conclusão parece óbvia: MFL, em nome da coesão do grupo parlamentar (no caso de obter uma vitória) cometeu um erro que irá fazer perder votos ao PSD, baixando as suas hipóteses de ser governo, deu uma imagem de um partido fracturado, e reforça ideia de que não aprende com as lições da história, de que nem sempre é coerente e que tem falta de capacidade de diálogo e de abrangência...

PS: tal como previa acima, há cerca de 24 horas atrás, MFL deu, provavelmente, um tiro no pé, pois não só esmagou a sua margem de erro como lançou uma guerra interna, a curta distância das eleições, que impedirá, provavelmente, uma vaga de fundo laranja, ou sequer uma motivação da "máquina laranja" que era uma das "cartadas fortes" do PSD para tentar a vitória nas legislativas... isto além das consequências que também terá, nas autárquicas!
As notícias sucedem-se, com contestações, trapalhadas, discordâncias mitigadas (dada consciência de risco de impacto eleitoral desastroso que este processo implicará), divisões, confissões, inconfidências e acusações fracturantes... E a única esperança, para o PSD, de a cerca de 50 dias das eleições este cenário não ter impacto significativo e catastrófico nos resultados do partido é... ser entretanto esquecido, dado que maioria dos Portugueses está... "a banhos"...

2009-08-03

Princípios não aplicados?

Se o PSD está tão de acordo com o princípio que o defende há anos, e que propôs e diz que voltará a propor que ele seja LEI (e portanto aplicável a todos os partidos/coligações), não se entende que não o aplique... a 100% nas suas candidaturas...
Valia a pena saber se algum candidato do PSD é arguido em algum processo...
PS: a ser verdadeira esta notícia... e esta também não ajuda...