2010-03-30

Novo rumo...

A vitória de Pedro Passos Coelho (ver CV) para a Presidência do PSD, para mais pelos números obtidos, com mais de 60% (se retirarmos a Madeira poderíamos provavelmente falar de mais de 70%!) , significa uma vontade indómita dos filiados do PSD em mudar de rumo.


Pedro Santana Lopes e Luís Filipe Menezes, de algum modo, poderiam também ser considerados provenientes da ala mais "populista" e "liberal" do PSD, mas de modo algum tinham a mesma clareza programática por detrás de PPC, nem os apoios - até financeiros - de PPC.


PPC, se for coerente, trará para a primeira linha do combate político personalidades como António Nogueira Leite ou Vasco Rato, fortes defensores de uma sociedade menos protectora, mais próxima do modelo americano, mais liberalizada e liberalizante.
António Nogueira Leite, apontado como ministeriável para economia e/ou para finanças, é administrador no grupo Mello e é um dos mentores do Compromisso Portugal, a que estão ligadas grandes figuras do mundo empresarial, como António Carrapatoso (ex.Presidente Vodafone); Joaquim Goes (Administrador, grupos BES e PT), José Maria Ricciardi (BES), António Horta e Costa; António Mexia, Diogo Vaz Guedes (Somague), Jorge Armindo (Grupo Amorim), e do mundo da advocacia e das consultoras, com Sofia Galvão (sócia - Sérvulo Correia), Luís Cortes Martins, etc... O Compromisso Portugal é um movimento de cidadania, com intervenções construtivas e com o peso derivado de ter este círculo de promotores, e com uma agenda assumida e claramente liberal.


Se Passos Coelho estiver em linha com o seu pensamento nos últimos anos, então poderemos assistir, finalmente, a uma clarificação politíco-partidária em Portugal, com o PSD a assumir cada vez mais ser PPD e também um partido com tendências liberais - algo que com Marques Mendes ou Manuela Ferreira Leite não assumia.


Por outro lado, muito importante, não podemos esquecer a Fomento Invest, grupo liderado por Ângelo Correia...
PEDRO PASSOS COELHO, nascido em Coimbra, em 1964, casado, 3 rebentos, licenciado em Economia pela Universidade Lusíada, desenvolveu até hoje a sua actividade profissional em três áreas:

- docência, no ensino superior e no secundário
- actividade política (passando pela presidência da JSD e deputado de 91 a 99)

- consultor e Administrador de empresas...
Nesta última categoria veremos no seu CV: "Administrador Executivo da Fomentinvest SGPS SA, da Fomentinvest – Consultoria e Gestão de Projectos, SA e da Fomentinvest Ambiente, SGPS, SA. É, também, Presidente da HLC Tejo,SA e da Ribtejo, SA e Administrador-delegado da Tejo Ambiente, SA.
Curiosamente, todas elas são do grupo Fomento Invest, se não erramos. Curiosamente o grupo é presidido por um conhecido político do PSD, comentador televisivo, Ângelo Correia... um dos homens mais argutos, bem informados e influentes em Portugal, com ligação a grandes negócios nacionais e internacionais...


Aliás, a Fomento Invest, um dos maiores grupos nacionais em áreas como o Ambiente (tratamento de águas e resíduos, aterros, etc.) não tem sequer uma página web. Ora, para disponibilizar informação aos cidadãos dos conselhos onde actua (e são muitos), era algo importante, para mais numa área tão sensível como a do ambiente... E há também algumas questões e ligações perigosas, como as que a revista Sábado levantou, já em Fevereiro... Curiosamente, até pontos comuns com o percurso e contactos de José Sócrates encontramos...


Inteligentemente, pelo menos por ora, Ângelo Correia não aparecerá. Mas será a eminência parda do regime... Não menos inteligentemente, e atacando o que tem sido o maior calcanhar de Aquiles do PSD - a luta fractricida entre facções e a divisão interna espelhada na comunicação externa - Pedro Passos Coelho tenta trazer para os órgãos nacionais e para posições de destaque os seus adversários, tentando assim pacificar o partido, diminuindo a margem de manobra dos seus detractores...

Mas, em compensação, o aparente desprezo de Cavaco Silva por PPC - nunca o convidou para qualquer cargo, apenas o aceitou como deputado pois como Presidente da JSD teria de sê-lo - e manteve sempre claro distanciamento desde que deixou a Presidência do PSD, pois não se revê na ala populista e liberal do partido, sobretudo na sua versão mais  urbana e cosmopolita... Não era por isso de estranhar que José Pedro Aguiar-Branco e Paulo Rangel tenham tentado "entalar" PPC no processo eleitoral interno, com a questão do apoio à recandidatura de Cavaco Silva...

Em virtude de todos estes elementos não partilhamos a visão de que PPC será obrigatoriamente um líder a prazo, e que não teria hipóteses face a Sócrates... Pelo contrário... A não ser que Cavaco Silva tenha ainda alguma carta a jogar... Ajudando uma vez mais José Sócrates a sobreviver politicamente para além de 2011...

PS: e Sócrates agradece o arigo de Pacheco Pereira comparando-o a Obama...

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