BPI "implora" por pedidos de crédito à banca... este homem parece estar a brincar connosco... o BES segue-lhe as pisadas através de Ricardo Salgado...
Trabalhando de perto com empresas e empresários, a falta de crédito e de abertura da banca a negociação, ou a soluções de agilização de tesouraria ou de apoio a investimento, mesmo quando empresas têm encomendas e garantias de expansão, ou então procurando uma série de garantias reais e pessoais que podem colocar em causa a vida dos empresários e das suas famílias, até pelos valores de juros (spreads) e condições propostas, por vezes obscenas, é a sua segunda ou terceira maior queixa...
A primeira queixa é o não funcionamento da justiça, pelo tempo de demora e pelo modo como, quando uma das partes é o Estado, não ser justa - ex: se as finanças afirmarem que alguma empresa tem uma dada dívida, mesmo que empresa conteste em tribunal administrativo, a demora deste é de 5 a 10 anos, e entretanto a ausência de efeito suspensivo da acção de contestação leva a que as finanças paralisem empresa primeiro e, depois, ao penhorarem bens e a levarem-nos a hasta pública, acabam por encerrá-la, perdendo-se postos de trabalho e centros de criação de riqueza de modo irreversível... pois a decisão judicial chegará quando a empresa estiver já encerrada...
A segunda maior queixa é, pois, o comportamento do Estado e as regras que o protegem e tornam a sua ação injusta - como a obrigação da empresa liquidar IVA que ainda não recebeu, mesmo quando devedor .... é o Estado!
Em suma: o comportamento e gestão da justiça, as regras que regem a relação entre o Estado e a economia privada, e o comportamento da banca, explicam muitas das dificuldades das empresas e, através destas explicam boa parte do desemprego... Somado à corrupção, aos desvios e aos maus investimentos e péssimos negócios do governo central, das autarquias e das empresas públicas (alguns imorais e em benefício de uns poucos ou dos principais partidos...), por dolo ou por desconhecimento e, infelizmente, da baixa produtividade e baixa formação, estas são as causas internas que agravam as causas externas da crise...
É por isso quase curioso que Vitor Gaspar se sinta indignado que lhe digam que não defende interesse nacional.
A responsabilidade não é só sua, mas em boa parte é (cumulativamente a governantes anteriores):
- é ele o ministro que mantém regras como as do IVA ou da proteção do Estado perante os privados de modo quase indecente
- é ele o Ministro que afirma ter um "caminho único" e falha contas de modo grosseiro, por subestimar factos previsíveis, como a queda da receita de IVA ou de imposto sobre combustíveis com o aumento de taxas, pela diminuição do consumo! E é isso que obriga a reforço de austeridade que por sua vez causa maior recessão e, com isso, lhe diminuirá ainda mais as receitas!
E não parece ter a noção de que estamos a brincar com o nosso futuro enquanto povo e país... E que até da nossa saúde e do nosso sono estamos a dar cabo...
Em vez de pensar em soluções únicas, e na ausência de alternativas, deveríamos olhar para opções Francesas, mesmo que dúbias. Mas estar conscientes de que temos de ter capacidade endógena de criação de riqueza, pois não decidimos o futuro do investimento estrangeiro. Por isso políticas de crescimento são fundamentais!
E quanto ao futuro da democracia, ela está de facto em risco. E além da visão da ausência de alternativas - a essência da democracia é que há SEMPRE alternativas - há outros sinais preocupantes...
Mas há também coisas boas a acontecer no país, e sinais de esperança!...
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