A clarificação da situação interna do PSD é uma das vertentes mais importantes para o nosso futuro próximo - e mesmo mais distante, em função da sua posição central no nosso sistema político e em qualquer solução presente ou futura de governabilidade, bem assim como na orientação geral do país.
O PSD, juntamente com o PS, ergueram-se à condição de partidos de poder em Portugal e, parecem demonstrá-lo a aventura do PRD e os fracassos de alguns projectos que vão desde o MEP ao MMS, do MPT à aparente incapacidade de crescer para se tornar num verdadeiro partido de poder do BE.
PS e PSD em conjunto tiveram nos últimos 30 anos sempre mais de dois terços dos parlamentares e sempre lhes foi póssível, por isso, aprovar todos os documentos que entenderem, incluindo alterações à Constituição e as nomeações mais importantes, que passam pela AR. Em 2009 perderam alguns deputados, mas mantém-se acima dos 2/3 e qualquer um deles é maior do que todos os outros partidos juntos (mesmo tendo esses sido os vencedores, supostamente...).
Assim, o que se passa no PS e no PSD é decisivo para o futuro do país. As alternativas dos Portugueses passarão sempre, em termos de linhas decisivas e de decisões fundamentais e estratégicas, por estes dois partidos.
A configuração da sua relação de forças pode e tem variado, bem como as suas orientações políticas têm sofrido cambiantes, muito em função das respectivas lideranças, mas esta realidade da sua força e poder conjuntos serem quase absolutos, não. Até os Presidentes civis tinham sido todos ex-líderes de um dos 2 partidos (Soares, Sampaio e Cavaco).
Numa fase tão crítica - não só económica, social e financeira mas, talvez sobretudo, em termos de crise de instituições e de CONFIANÇA - e em que decisões fundamentais precisam de um país focado nessas decisoes e não em casos judiciais e fait-divers dos mais variados - a clarificação da liderança e, sobretudo, da linha ideológica e das opções em questões importantes em que parece que PSD há muito não se entende internamente.
Nesse sentido, a incapacidade de alguém, para além de Pedro Passos Coelho (e incluindo nesta lista a própria Manuela Ferreira Leite) se assumir como candidato à liderança e dizer claramente o que pretende para o país e para o partido, mostra que qualquer que venha a ser solução, ela não será encabeçada por alguém de convicções, que não se tenha escondido quando deveria dar a cara...
Nesse sentido, um Congresso pré-escolha-de-liderança, que assegura uma forte presença e interesse (ao contrário dos Congressos pós-eleições-directas que ficam esvaziados de conteúdo, parcialmente), corre o risco de se tornar num debate de nomes, mas pode também ser uma oportunidade única para debater ideias, para debater o país, como pediu Marcelo. Nesse sentido, a palavra cabe aos militantes do PSD e aos delegados a eventual congresso debater e definir o futuro do PSD, mas também do país... e escolher entre dar um passo importante para a "decência" pedida por Miguel Veiga ou insistir na mera politiquice, indigna de quem pretende fazer da sua acção política um verdadeiro serviço à comunidade e ao país.
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