É verdade que Portugal foi maior quando "partiu". É verdade que, só no último século, por duas vezes resolvemos as nossas dificuldades internas com emigração (nos anos 20, com destino sobretudo ao Brasil; nos anos 60 e 70, com destinos variados, sobretudo Europeus, com França, Alemanha, Luxemburgo e Suiça à cabeça).
É verdade que, só nos últimos três meses, e só para o Brasil, partiram quase 50 mil portugueses. É verdade que muitos portugueses, qualificados e não qualificados, perante as expectativas negras em termos de emprego e de negócios, estão a emigrar.
Mas que o Governo, já não apenas através de Ministros mas até pela voz do Primeiro Ministro, proponha aos seus cidadãos que vivem no país que Governa -- porque se candidatou a assumir essa responsabilidade - que emigrem, é algo que merece séria reflexão.
Este "convite" marca o fim da política. Esta sugestão, na voz de um líder do Governo, significa que Passos Coelho e o Governo que dirige assumem publicamente a sua incapacidade de propor soluções, e a sua descrença no país. Se Passos ‘convida’ professores desempregados a emigrar, então deveria demitir-se...
Nenhum país, nenhuma nação, nenhuma população aceita sacrifícios sem horizonte de esperança. E é isso que Passos Coelho assume não existir... apagou de vez a "luz ao fim do tunel", mesmo quando, um pouco "à Sócrates" já vaticina crescimento em 2013 e já promete queda de impostos em 2015
Ora:um Primeiro Ministro que, há dias, admitia que nenhum esforço adiantaria se situação Europeia não evoluir favoravelmente - algo em que tem razão - sabe também que estas profecias positivas são mera demagogia... Pior: os Portugueses já o compreenderam, e não se "animam" perantes estas declrações, pois ouvem promessas de "fim da crise" de governantes há 3 anos de modo contínuo... E no dia seguinte novos pedidos de austeridade e manifestações de dúvida..
Falta em definitivo um caminho...
PS: até Marcelo afirma "Portugueses não querem primeiro-ministro que lhe diga "emigrem para o estrangeiro"
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