2009-10-22

Unidade de lista era requisito de Marcelo?

Se não era... Era algo parecido...
Como aqui escrevemos, Marcelo tinha 3 condições para ser candidato à liderança do PSD:
- saber que CS é re-candidato
- saber que ganha as directas
- ter convicção que irá a votos em 2011, 2012 ou 2013

Uma delas, a segunda, era ter a certeza de vitória. Ora: Ser unico candidato seria o melhor modo de assegurar vitória!

Pedir para ser candidato único, sob pretexto de unidade interna é “contornar realidade”: MRS sabe que teria pelo menos um opositor. Um candidato declarado, que correu o risco do desgaste, mas ganhou a credibilidade dada pela frontalidade... Pedro Passos Coelho.

E Marcelo sabe, e já sabia bem que...
1- PPC teve mais de 31% nas ultimas directas
2- PPC fez grande trabalho, online (
www.construirideias.pt mas não só) e em pessoa – esteve em todo as delegações partidárias.... É por isso natural que tenha ganho grande parte dos 29% que votaram Santana, e alguns dos 37% de MFL.. alem dos 2 a 3% que votaram noutros candidatos. E que consiga manter a maior parte dos seus 31%.
3- Ou seja: num sistema eleitoral tipo winner takes all a uma só volta... só uma total união da frente anti-Liberal (leia-se anti-PPC) pode ganhar-lhe! E terá ainda assim de conquistar o voto de militantes que em 2008 não votaram...
4- Marcelo é fortíssimo como candidato, mas tem também muitos anti-corpos, irrita muita gente, e mesmo o próprio aparelho... Ainda assim, ele sabe que poderia receber os votos do aparelho (veja-se Menezes... a dizer que era bom candidato) e dos militantes, porque todos sabem que em termos eleitorais é alguém que pode ganhar debates a Sócrates ou a qualquer outro futuro líder do PS e tem uma notoriedade ímpar (algo que PPC não tem).
5- Rangel e Morais Sarmento – e provavelmente outros – deram a entender que nunca iriam a votos para defrontar Marcelo, mas não o garantiram. Aguiar Branco ainda menos... nem sequer Manuela Ferreira Leite o disse... Marcelo precisa da CERTEZA - que não deve ter obtido – de que não só não se candidatam contra ele como necessita, para ter convicção numa vitória, que demonstrem empenho na sua eleição... e isso não obteve!
6- Mesmo que ganhando a PPC, MRS sabe que o futuro líder terá oposição da “ala liberal”. Ora Marcelo quando foi líder andou sempre a exigir 2/3... Porque entende que para fazer oposição é preciso tranquilidade interna “união de propósitos, união de estratégia”. Mas mais do que isso, é em face da 3ª condição de Marcelo que este ponto é importante: MRS queria “certezas” de que se manteria como líder até às próximas legislativas...
7- Ou seja: a condição TER CERTEZA DE VENCER... não se reúne, no momento... e muito menos a de que chegaria a eleições!
8- MRS retira-se? Por ora... aparentemente
9- Voltar à corrida? Sim, em vários cenários... Exemplo: se houver “vaga de fundo” - que inclua Rangel, Morais Sarmento, e outros potenciais candidatos, que assim abdiquem e mostrem empenho em “derrotar” PPC -, ele poderá avançar... tal como fará se PPC fizer algo de tão errado que demonstre incapacidade ou que comprometa sua imagem de líder com potencial para primeiro-ministro, que conseguiu criar em boa parte do PSD...
10- O mais provável? MRS recuar mesmo e Paulo Rangel candidatar-se. Porquê? Já aqui deixamos um post sobre o potencial mediático e político de Rangel -
. Anula uma importante vantagem de PPC: uma nova geração. Mas tem sobre este uma vantagem: tem trabalho político, e não apenas partidário, com sucesso e qualidade, e GANHOU eleições... E ainda se sobrepõe ideologicamente a PPC, pois mesmo os mais liberais membros do PSD não se importarão de o ter como líder...
11- Fica depois a dúvida: e será que candidatos potenciais que recuariam se Marcelo avançasse, farão o mesmo se candidato for Paulo Rangel? Duvido... Mas até poderá ser (tudo depende das negociações a decorrer...).
12- Se algum outro, sobretudo Morais Sarmento, avançar, PPC deverá vencer...
13- Se Rangel for o único opositor relevante a PPC... o resultado é imprevisível... PPC tem mais de 30 anos de fidelidade ao Partido, Rangel tem 8 anos de PSD, é um “cristão-novo” e no aparelho isso pesa... mas também pesa o facto de ter apoio de diversas linhas do partido, e de ter ganho eleições...
14- Quem é fundamental? Acredito que será Alberto João Jardim! Os líderes de distritais do Porto, e outros, conseguem canalizar alguns votos, mas não têm o poder dos tempos dos congressos, em que representavam todo um número de votos... Agora apenas alguns militantes Mas AJJ tem um poder enorme: mais de 10.000 votantes! E todos disponíveis para votar com AJJ...


Conclusões
1. Marcelo ainda não se retirou. E dele depende a possibilidade de quem quer que seja avançar contra PPC. Ao fazer as declarações de ontem, ONTEM, antes de HOJe (Conselho Nacional), e sabendo que Rangel virá a Lisboa à reunião, MRS pode mesmo estar a dar sinal a Rangel para avançar... Será?
2. Se a corrida for Rangel contra PPC, teremos curiosamente o partido a apresentar uma síntese interessante, pois ambos são ideologicamente próximos, com PPC a assumir-se mais como potencial “liberal”, enquanto Rangel representa uma visão mais ampla do “arco” das ideias políticas que estão integradas no PSD
3. Qualquer uma destas potenciais lideranças dará muito mais “dores de cabeça” a Sócrates do que MFL (e isso é bom para o país)... Mas nenhum deles está no Parlamento (e isso é mau para eles, para o PSD e para o país).

MRS sabe e tem consciência de todas estas variáveis e é um Mestre na Ponderação das mesmas. A sua ponderação e hesitação só mostra a força e a implantação da candidatura de PPC... E que provavelmente não consideraria a sua vitória como um dado adquirido...

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