2009-10-04

Obrigado, Irlanda!

O Moscardo, sempre o afirmou: é defensor da ideia de que a União Europeia é a mais original e bem conseguida inovação política do século XX.
A CEE e a UE FORAM E SÃO a única fórmula de arranjo político capaz de nos dar PAZ durante mais de meio século em DOIS MIL E QUINHENTO ANOS! PAZ não apenas entendida como ausência de conflito, mas como CONSTRUÇÃO comum, como DESENVOLVIMENTO.
Nesse sentido, a UE, como evolução política da CEE, fundada nos princípios de Alcide de Gasperi, Paul Henri Spaak e, sobretudo, de Robert Schuman e Jean Monnet, o ideólogo maior desta fórmula absolutamente revolucionária em termos políticos: nunca nada parecido havia sido concebido! Obviamente que essa é a Europa de Weber (percursor da ideia de Moeda única, ainda nos anos 60) e de Jacques Délors (o homem graças ao qual somos cidadãos Europeus e as fronteiras são hoje "virtuais").

Este processo teve e tem muitos defeitos e vicissitudes, mas, tal como a democracia prova ser o menos mau dos sistemas políticas, a UE prova ser mais do que o menos mau das fórmulas políticas para Europa. Repito: nenhum cidadão da hoje União Europeia, nascido na CEE ou na UE (ou seja: após 1957!) sabe, ou sequer imagina, o que é ter GUERRA no seu território, ou não se poder deslocar ao país vizinho! Por muito que isso irrite muito boa gente, NUNCA um outro sistema político deu a este continente... mesmo quando não houve conflitos bélicos durante algumas décadas... Porque a GUERRA sempre foi opção... Hoje, para as pessoas que nasceram na CEE ou na UE, mesmo os que não gostam dos vizinhos, não pensam em guerrear com eles, e não se sentem receosos por dependerem do seu aço, da sua energia, ou sequer da sua água (o mais vital dos bens...). E, quando insatisfeitos com, por exemplo, desvios de rios, vão conversar, não pensam em guerrear: quebrou-se, no espírito da maioria dos filhos da CEE e da UE, a célebre fórmula de Clausewitz, que tem menos de 200 anos, e era na altura uma análise correcta da história da Europa: "A guerra é a continuação da política por outros meios..."

Qualquer travão ao processo Europeu - mesmo que os avanços tenham os seus (graves) defeitos - é negativo, porque pode por em risco a própria UE... que tem apenas 50 anos de construção, contra 2500 anos de conflito... Sobretudo quando não há um "inimigo" unificador (a URSS serviu esse propósito durante mais de 4 décadas), e com 27 membros , com 29, 30, 32, 35, se tornar cada vez mais difícil construir consensos e se possa ter que avançar APESAR de alguns não quererem...

Por tudo isto, e citando Durão Barroso, hoje: Obrigado Irlanda! (67% são mais de dois terços, num referendo com uma percentagem de votantes similar às nossas legislativas!).
E, por isso, maioria dos Europeus deveria estar, hoje, muito satisfeito com este passo...

Sem comentários: