Algumas pessoas perguntam-me porque andava satisfeito com a mudança de líder no PSD. Alguns até me trataram por "Passista". Não é verdade :-). *
Por outro lado, e como é óbvio, considero fundamental que o principal partido da oposição - PSD ou PS, conforme momento histórico - tenha um rumo, apresente capacidade de proposta e de oposição construtiva, com capacidade de trazer alternativas para cima da mesa, sem temer a negociação e o diálogo em algumas áreas chave, compreendendo que com isso não vai perder a identidade ou a diferenciação aos olhos dos eleitores.
Infelizmente, durante muito tempo, o PSD andou perdido em si mesmo, sem um rumo claro (qual o modelo de Marques Mendes, LF Menezes ou MFL para o país, verdadeiramente? quais as suas prioridades concretas?), e com uma oposição destrutiva, que se afirmou sempre mais pela negativa do que pela positiva - sobretudo com MFL.
Por este motivo, fiquei contente com a eleição de Pedro Passos Coelho para a eleição como Presidente do PSD. Teria ficado também satisfeito com a eleição de José Pedro Aguiar Branco - que se mostrou surpreendemente bem preparado para liderar o país! - e até de Paulo Rangel - que desiludiu um pouco, exactamente porque o seu discurso era mais "área a área, medida a medida", sem mostrar uma linha de rumo concreta, que obedecesse a um padrão compreensível ou a um fio lógico e coerente no seu todo - mas a menor preocupação com a coerência teórica é, porém, algo comum aos Conservadores, por definição, pois a sua coerência advém da própria realidade (partem do "que existe") e não tanto da abstracção das ideias ou das utopias do "dever ser".
PPC traz-nos, porém, duas coisas, em maior dose do que JPAG ou PRangel:
1. uma diferenciação, uma alternativa de caminho ao governo actual (em breve teremos um post sobre o assunto e sobre as diferenças de ponto de vista PPC / JS)
2. como tem essa diferenciação, e não tem nenhuma querela pessoal com José Sócrates, ao contrário de MFL, pode negociar e dialogar, quando precisamos, sem medo de ser "absorvido" pelo PS, ao contrário de líderes mais "ao centro", como MFL... (nota: este temor é algo que faz sentido, historicamente, no PSD, pois PS ocupou, desde 1995, muito do espaço político que foi o do PSD, o que lhe tem permitido vencer sucessivamente eleições...).
Sinal concreto de que tal eleição de PPC foi positiva para o país surgiu, infelizmente, pelas piores razões - a do ataque dos especuladores - mas, pelo menos, estamos menos mal preparados, como país, agora do que estaríamos se MFL ainda fosse Presidente do PSD.... Pois agora PS e PSD podem dar a face em conjunto perante o exterior, e essa conjunção de esforços é fundamental para credibilizar externamente a nossa política económica, ao contário de uma situação em que dá ideia que à primeira ocasião, PSD mudaria de política... o que minaria qualquer confiança no cumprimento de medidas de austeridade... que infelizmente serão mesmo necessárias...
* Uma nota sobre a orientação política pessoal:
Em primeiro lugar: não pertenço a nenhum partido. Nem me sinto tentado a pertencer, no momento actual. Orgulho-me de ter um vida cívica activa, e de votar em partidos diferentes consoante me pareça mais adequado, em função do momento, do local onde voto (ex: votaria diferente em numerosas eleições conforme o distrito onde votasse), do sistema eleitoral (maioritária para as Presidências de câmaras - a uma volta - e nas presidenciais - a duas voltas -, método de Hondt nas legislativas, mas com distritos, o mesmo método para as Europeias, mas com círculo nacional único...), da finalidade das eleições, do potencial impacto do voto individual no resultado global, da "competitividade" eleitoral, etc.
Já votei, directa e/ou indirectamente, considerando eleições legislativas, autárquicas e europeias, em todos os partidos parlamentares, e nalguns outros.
Não escondo ser Europeísta convicto e defensor da UE - ainda que com as suas falhas, como tudo - e, por isso, por exemplo, em eleições europeias, pondero apenas votar PS ou PSD, os dois únicos que defenderam sempre a UE como caminho para Portugal (e, ainda aqui, mais o PS do que o PSD), ou branco.
Não escondo que voto em branco, em geral, na freguesia (dado que nela não resido habitualmente).
Defensor da diversidade como algo que enriquece a vida democrática, não escondo que do mesmo voto que votei PSR para eleger Louçã - sem sucesso - há mais de uma dezena de anos, que teria votado MEP ou PCTP-MRPP no caso de estar a votar em Lisboa, nas últimas eleições, para eleger um deputado que trouxesse uma voz diferente ao parlamento. Mais: sendo Republicano, não hesitaria em votar no PPM caso este estivesse com hipóteses de eleger um deputado. Já, por exemplo, se estivesse em círculos com 3 ou 5 mandatos apenas, em que historicamente se sabe que apenas PS e PSD podem eleger deputados, ponderaria voto de modo substancialmente diferente, sendo a primeira questão um simples: vale a pena votar? (sou frontalmente contra o sistema de voto por distrito que temos, e que gera eleitores de primeira e de segunda, pois uns têm escolhas que os outros, na prática, não têm!).
Do mesmo modo, e porque defendo que a política não se esgota com partidos, desejo contribuir para que o Dr. Fernando Nobre chegue a ser, de facto, candidato à Presidência da República, por considerar importante que a sociedade civil não partidarizada mostre vitalidade e sinta ela própria a sua força e a sua capacidade de intervenção. Dito isto: defendo a sua candidatura como positiva para o país mesmo que depois, na altura das eleições, possa eu próprio votar ou não nele, consoante as propostas concretas que nos trouxer.
Ou seja: considero que o voto serve também para expressar preferências indirectas, como a defesa da pluralidade de opiniões, mesmo quando elas não são coincidentes com a nossa!
PS: O PSD passa, pela primeira vez desde 2003, para a frente das sondagens. Tal era previsto há meses pelo Moscardo: mal mudasse a liderança do PSD, mudaria o sentido das sondagens, efeito ampliado caso fossem PPC ou Paulo Rangel, por serem rostos mais jovens...
1 comentário:
Pela primeira vez desde que acompanho o blogue e me lembro, o MOSCARDO fala de si... mesmo que isso sirva principalmente para exprimir/justificar atitudes e/ou posições... Obrigada MOSCARDO
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