2011-06-17

Professor Ernâni Rodrigues Lopes

Sessão de Homenagem, Universidade Católica, Lisboa. 16 Junho 2011.

ERL

Um humanista cristão no sentido mais profundo, pela palavra e pela ação (Roberto Carneiro).

Um economista que pensava o pais sem nunca esquecer o homem. (Jacinto Nunes)

O seu maior legado é o de um integro e sério que dizia de modo claro o que entendia por bem comum, e que por ele lutava sempre com uma noção de serviço e de missão. (Rui Machete).

Alguém que era um exemplo e queria sempre saber de onde vimos e para onde vamos. Não aceitava nada, nem sequer a integração europeia apenas “porque sim” ou porque “tinha de ser”.

Para ele não podíamos esquecer de onde vimos (o Atlantismo e a Lusofonia -  quando relação com África era tão fraca) e para onde queríamos ir:

- Lembrava-nos sempre a questão: queremos que a a fronteira ocidental seja Gibraltar ou Vilar Formoso? 

- Para além de dimensão económica, qual nossa relação com Espanha não como inimigo mas como futuro concorrente-parceiro num novo contexto histórico, alargado?

- Qual o nosso papel na relação com a Europa e as demais potências Europeias? Que vamos trazer ao processo Europeu? Que temos para contribuir e acrescer?

- Olhar sempre a adesão como motor da mudança e que abra portas a um novo entendimento do nosso desenvolvimento.

Muitos pensavam um pouco assim. Mas poucos pensavam assim,  de modo tão estratégico e articulado, olhando sempre para a frente, antecipando as questões, de modo prospectivo. Muitos menos, ainda, eram capazes de agir de modo coerente com essa visão, e fazê-lo de modo sempre enérgico. Nos 2 anos como Ministro das Finanças, do Planeamento e dos Assuntos Europeus (um super ministério de dimensões que nunca mais de repetiu):

- negociou e assinou adesão Europeia (uma das maiores tarefas da nossa história)

- negociou e geriu acordo FMI

- mas, enquanto fez o necessário, foi capaz de construir a concertação social porque nunca se esquecia dos Homens e não só dos números. E porque sabia que a tarefa era gigantesca, e teria de ser a nação, como um todo, a levá-la a cabo! E que este instrumento de diálogo dos portugueses, entre si, era fundamental e seria uma grande mais valia para o futuro. 

Hoje, ficaria perplexo ao ver como desperdiçamos a adesão. Mas seria o primeiro a acreditar que daríamos a volta. E que defendia sempre que o mar era mais do a espuma das ondas (José Amaral, chefe gabinete).

Além das 4 áreas/clusters fundamentais para desenvolvimento de Portugal - turismo, ambiente, cidades e serviços de valor acrescentado –, ERL somou um quinto, o Mar, ou os Oceanos, como sempre dizia. O hipercluster do mar, dizia, é o que está mais atrasado,mas é o único com dimensão identitária. Nele se joga nosso futuro e o que somos. Perdendo-o, não teremos futuro enquanto nação com um sentido. Nós só seremos nós quando formos além de nós (Almirante Vieira Matias).

Gostava de ensinar, e irradiava energia, simpatia, mas também rigor e exigência. era querido da e na Universidade. E a Católica, onde se doutorou, era a sua Universidade. Nela criou e dirigiu o Centro de Estudos Europeus para formar especialistas em assuntos europeus, para instituições europeias e nacionais. A maior lição, porém, foi a da sua vida. Exemplo de fé, sabedoria, firmeza e bondade. porque acima de tudo era um Homem Bom, era um Português Bom. (Manuel Braga da Cruz)

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