2011-02-09

nós por cá....

Cavaco Silva cumpriu e implenta já, mesmo ainda durante o primeiro mandato, a sua magistratura activa... Vetou um diploma do Governo pela primeira vez, proibindo farmácias de mudar receita médica, vendendo pela substância activa e não pelo nome do medicamento.

Analisemos a posição dos "participantes":

- Os médicos perderiam o poder de prescrição (ou, numa tradução livre, perder o controle sob escolha do cliente final, o paciente). Com isso seriam conselheiros mas não seriam os verdadeiros decisores. Ou seja: deixariam de ser decisivos na escolha. Por um lado perdiam controle sobre cura, mas também perdiam boa parte da sua atractividade perante farmacêuticas... diminuindo provavelmente as suas benesses que daí derivam (menos viagens ou congressos, menos atenção, menos "formação"...)

- as farmácias ganhariam, por seu lado, o poder de "ir vendendo" o que têm em stock, ganhando flexibilidade de gestão, mas sobretudo passariam a ser decisivos na escolha final do produto, quando agora são meros executores... ganhariam não só nova atenção dos laboratórios como... capacidade negocial junto dos laboratórios e distribuidores!

- os laboratórios/as farmacêuticas têm muito a perder... não só porque peso dos genéricos aumentaria, como teriam de ceder nas margens às farmácias, teriam de ter promoção de ponto de venda (!), como o elo que têm com os médicos teriam menos impacto - a prescrição deixaria de significar a compra! - e obrigá-los-ia a dispersar os orçamentos que hoje dedicam à "informação médica" já não só pelos médicos como também pelos directores técnicos e mesmo outros técnicos das farmácias!

- o Estado tem muito a ganhar, pois genéricos subiriam, e com isso o deficit da saúde... Aliás as medidas que o governo tem tomado vão todas no sentido da redução da despesa do SNS, sobretudo via comparticipação medicamentosa

Não estranhamente: os médicos e os laboratórios são muito contra, as farmácias a favor... Por ora Cavaco vetou, tendo sido mais sensível aos argumentos dos médicos...

PS: Já a Igreja parece aprovar o smart-confessionário móvel... enquanto parece que nada de essencial muda... nem na JS nem nos municípios! Um miúdo de 26 anos com salário acima de professor universitário doutorado ou de um juiz...

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