O Egipto, ao contrário da Tunisia, é um pais chave a nível internacional.
Tão chave que era um dos 10 países em que se fala quando se fala de alargar os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. O maior país Árabe, em população e em história, bem como o mais determinante em termos dos equilíbros na região: a sua relação de algum equilíbrio com Israel que fazem do Egitp um tampão e um intermediário dessa relação, bem como a gestão do canal de Suez, por onde passa a maior parte do comércio Ocidente-Oriente, são determinantes. Estes dados mostram a sua importância não só para a região como para os delicados equilíbrios internacionais, políticos, diplomáticos, militares, económicos, e até sociais e culturais e religiosos. Não por acaso o atentado contra os Cristãos Egípcios (um ramo do Cristianismo cuja importância histórica e simbólica é inegável) de há uns meses teve forte impacto mediático e mereceu até veementes comentários de Bento XVI, e é também essa importância que justifica a centralização noticiosa que se está a dar no Ocidente a esta “revolução” cujo futuro é ainda incerto. Os cenários de guerra civil ou de tomada do poder pelos extremistas islâmicos (apesar de a maior parte da sociedade egípcia não lhe ser favorável é um grupo com importância e peso político, até por representar “a esperança” e ter uma imagem de “seriedade” anti-corrupção e nepotismo), não estão excluídos e poderiam, de facto, representar sérios problemas em termos não só regionais como globais, com consequências imprevisíveis a nível político, militar e económico.
A presença de Elbaradei como rosto deste movimento, aparentemente um homem moderado e um democrata ponderado, poderá ser uma garantia, sobretudo no caso de vir a emergir como líder do Egipto e se puder contar com os militares, tradicionalmente uma classe entre as mais democráticas e serenas nos países com movimentos radicais islâmicos. Mas…
Era interessante que os nossos meios de comunicação publicassem um dossier, com artigos sobre o último século do Magreb, para se compreender a dinâmica que conduziu a libertação dos impérios, ao papel destes territórios nas duas guerras, como evoluiram para as indepências formais, como evoluiram em termos culturais e religiosos, como serviram interesses EUA e/ou URSS durante a Guerra Fria, e como se relacionam entre si e com o resto do mundo, nomeadamente Europa, dos quais são vizinhos próximos... E, claro, a relação com raízes milenares, com o povo de Israel, e a sua natural rejeição da criação do Estado de Israel.... Isso ajudaria a compreender o que se passa, o que está em jogo, e o que se poderá passar...
Violência sobe de tom na praça de todas as manifestações - Publico
Minuto a minuto: Perseguição aos jornalistas no Cairo - Mundo
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