2009-06-25

A Partidarite: episódio 2

Este texto foi originalmente escrito em Maio, e era o contraponto a um outro, em que se explicava como o PS colocava os seus interesses acima dos do país, em alguns casos. Este post tenta mostrar como, noutros casos, são os demais partidos a usar a mesma lógica...

Os novos desenvolvimentos - a desistência de Jorge Miranda do cargo obrigam a repor este post... sem alterações pois, infelizmente para o país, como até o Presidente reconhece, a situação mantém-se... e até piorou: agora já não temos Provedor...

1. Começo por uma declaração de interesses: Jorge Miranda foi meu professor. Não foi dos professores que me tivesse marcado a nível pessoal, mas reconheço-lhe o seu papel histórico fundamental, o seu enorme conhecimento da constituição e o amor à causa das liberdades e garantias è, de modo geral, à causa pública e à cidadania.

2. O Provedor de Justiça é uma posição importante na defesa da Justiça – o sector mais carenciado de mudanças em Portugal.

3. O Provedor de Justiça é eleito por 2/3 dos deputados da Assembleia da República, que deveriam representar o país (e relembra-se que dos cidadãos, e não dos partidos, ainda que eleitos por listas, deriva a sua única legitimidade).

4. O PS propôs o professor Jorge Miranda. A CDU (PCP) e o BE reconhecem, abertamente, a qualidade e valor de Jorge Miranda para o cargo, e disseram até os seus líderes ser a pessoa mais indicada. Um bom número de deputados ilustres do PSD reconhecem o mesmo. O resto do PSD e do CDS em momento algum colocaram em causa o mérito de Jorge Miranda, e o perfil excelente para desempenhar este cargo.

5. Fica claro que, para o país, talvez pudesse haver soluções tão boas, mas não há, parece, soluções melhores. O Professor Jorge Miranda reúne consenso em termos técnicos, humanos, de experiência, de sentido de justiça, de noção de serviço público. É uma escolha com o qual todo o país pode ficar satisfeito. Seria uma óptima escolha para o cargo. É uma opinião generalizada entre a esmagadora dos deputados e de membros dos 5 principais partidos/forças políticas.

6. Jorge Miranda, num acto de grande abertura e espírito democrático, acedeu a ir a votos, sem ter garantias de ser aprovado. Acabou por desistir perante o desenrolar dos eventos e o impasse criado

7. A SUBSTÂNCIA: em função do exposto, o parlamento deveria poupar o seu tempo e os seus recursos, e eleger por unanimidade Jorge Miranda. Era um serviço ao país: elegia-se um óptimo Provedor de Justiça e não se perdia tempo nem recursos (e deixava-se Nascimento Rodrigues sair, o que já solicitou há muitos meses!).

8. Em vez disso, a liderança do PSD disse que não podia aceitar Jorge Miranda (curiosamente um fundador do PSD! E que pela sua ideologia poderemos aproximar mais do centro-direita do que centro-esquerda) porque este cargo, “tradicionalmente”, tem sido eleito por indicação do partido líder da oposição. Ou seja, contesta a FORMA e não a substância, pensando não no país, mas no acessório, gastando tempo e paciência, custando dinheiro ao país, atrasando mudanças na justiça, criando impasses, e não se dedicando a coisas mais importantes – quando o mundo atravessa a sua pior crise do últimos 75 anos (a mais séria desde o nascimento da maioria da população, portanto!)!

9. BE e PCP decidiram que esta FORMA não era boa, e portanto, que também tinham direito a apresentar candidatos. Agora, em Junho, acabam por desistir...

10. PSD, PCP e BE, como bem disse Rui Rio na altura, andam a brincar ao arremesso de candidatos, criando custos e perdas de tempo desnecessárias ao retardar uma decisão simples, que servia o país tão bem ou melhor que as soluções que propõem – no entender deles mesmos! Em nome de quê? Não se percebe bem, mas seguramente, e no dizer dos próprios, não em nome de o país – que era quem aqui interessava!!! – ter uma solução melhor. Ou seja: PSD, BE e PCP não agem em nome do interesse do país, mas em nome de quaisquer outras coisas que, independentemente do que sejam, deveriam vir SEMPRE abaixo do interesse de Portugal.

Sem comentários: