2009-06-04

Voto Vazio?

Pela primeira vez não irei votar numas eleições Europeias. A partida para Férias é anterior às eleições e... ainda não há possibilidade de votar em qualquer ponto do país (sobre a necessidade e simplicidade de resolver este problema, haverá um post...).

Como apoiante convicto da construção Europeia, deveria estar triste. Mas o que me deixa realmente triste é que... não sinto qualquer tristeza por não votar. Porque mesmo que pudesse... não saberia o quê ou em quem votar...

Branco ou nulo seriam opções... mas acabam por ser não ser mais do que votos estéreis.

Os partidos fora do arco parlamentar representam votos que não se traduzem em mandatos (e o MEP e o MMS já se viu que não conseguiram alterar esta lógica) e, por isso, são também votos de simpáticos, de protesto, mas inócuos. O MMS conseguiu trazer temas pertinentes, numa lógica urbana. O MEP foi refrescante. O PPM e até o MPT trouxeram propostas coerentes, apesar de tudo. Se não se pensar numa lógica de democracia representativa, em que contam apenas os votos que se traduzem em mandatos, e se se tiver uma crença em valores próximos de algum dos partidos das franjas (POUS; PCTP; PNR; PPM; MPT), ou de um dos 3 pequenos de índole mais “central” (PH; MEP; MMS), pode ser interessane escolher uma das 8 alternativas aos partidos do arco parlamentar...

CDS, BE e PCP/CDU são partidos com sérias reservas ou mesmo contrários à construção Europeia... Se não fosse pró-Europeu convito pensaria em votar numa destas forças: não tiveram uma campanha de máxima elevação, mas foram medianamente sérios em Campanha. Medianamente coerentes. Sobretudo Nuno Melo e Miguel Portas. E irão eleger deputados. Mais: um voto a mais ou a menos pode ser a diferença entre eleger mais um ou menos um deputado...

O PS e o PSD, os partidos mais pró-União Europeia, seriam – em termos conceptuais, as possibilidades para um Europeísta... MAS realizaram uma campanha verdadeiramente vergonhosa. Nem uma ideia, nem uma proposta. (Quase) nem uma palavra sobre a União Europeia. Apenas insultos, insinuações, acusações entre si – algumas de muito baixo nível e, pior, ataques pessoais ...

O PS – cujos cartazes iniciais, “Nós, Europeus” (ainda que criticáveis quanto à sua eficácia) deixaram alguma esperança de elevação, pois indicavam que se ia centrar na sua histórica contribuição para a construção Europeia e para a inclusão de Portugal no processo, realçando a faceta pró-UE do PS, acabou a sua campanha eleitoral... na lama.
O culminar da “desgraça” de uma campanha de insultos e sem ideias pertenceu a Edite Estrela: “Ele não sabe nada de Europa...” para justificar não aceitar o PS um debate! São palavras inadmissíveis e insultuosas (para mais entre futuros colegas no Parlamento Europeu e até de muitas viagens Lisboa-Bruxelas!) e denotam total falta de nível e de espírito democrático! Lamentável. O mínimo era um pedido público de desculpas.

O PSD, apesar do nível intelectual de Paulo Rangel, limitou-se a criticar o PS e falar sobre política nacional, como que se fossem estas primárias das legislativas.
E Maria Manuela leite igualou Edite Estrela, no arrastar da política para a lama: “fugiu-lhe a boca para a verdade. Pela primeira vez desde que é Primeiro Ministro”...
Será que ninguém lhe perguntou, no fim desta declaração: “Acha que o seu neto teria orgulho de si após o que acaba de dizer?”. Com certeza MFL iria arrepiar caminho...

Em resumo, PS e PSD nada disseram sobre Europa e, quando disseram, não foram consequentes. Não merecem um voto de quem acredite na construção Europeia, pois não a tratam com a mínima seriedade, antes preferindo falar de “casos” e dedicar-se à "politiquice" e à "roubalheira"...

Enfim... Duas alternativas:

- ou se entende que o que se diz em Campanha não conta (será que não conta? Então o que conta? Não esquecer que FOI PELO QUE DISSE EM CAMPANHA que Obama foi eleito e empolgou meio planeta... Sem baixar o nível! E que as campanhas devem ser esclarecedoreas sobre programas e sobre qualidades dos candidatos...)

- ou está visto que, em consciência, é impossível votar PS ou PSD...

Caimos ao terreno do VAZIO...

PS: e é por termos tais atitudes que há notícias como esta

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