2009-09-17

Obama: um discurso obrigatório, mas não basta...

O discurso magistral aos alunos americanos, na abertura do ano lectivo, ou o modo como nega que tenha sido alvo de atques racistas afirmando que ataques à sua política não são ataques racistas, apesar das declarações de Carter em sentido contrário*, vêm demonstrar a superior inteligência de Barack Obama e a sua inabalável fé nos seus princípios. Creio que um teste de QI demonstraria que é o mais inteligente líder mundial desde, pelo menos, Gorbatchov.

Porém, tardam os resultados em algumas questões críticas. E uma acima de todas, a mais preocupante, nos colonatos, que inviabilizam o estado Palestiano,
que Obama sempre disse apoiar, inclusivé no seu discurso em Israel!.

A Europa e os Estados Unidos apoiaram sempre Israel. é natural. é ser coerente com a história e garantir um ponto de apoio essencial numa região que, pelo menos enquanto a dependência das reservas de combustíveis físseis forem determinantes no mundo, e só aparecerem em grande escala locais como médio oriente, áfrica, rússia e Venezuela, será vital para o planeta.
Também é legítima a escolha dos israelitas de soluções políticas, democráticas, mais duras (tais como legítimos são os resultados que deram a vitória ao Hamas... e as escolhas mais radicais dos Palestinianos). O problema não é de legitimidade das escolhas desses povos ... mas da reacção a tais escolhas. A certo momento, pactuar com esta expansão, inviabilizando uma solução para a questão Palestiniana, é assegurar, para nós e para GERAÇÕES FUTURAS, a continuação e o agravamento desta tensão, que é a "causa" invocada pelos apoiantes de terrorismo... Ou seja: pactuar com colonatos - dizendo que se é contra mas nada fazendo (sanções económicas... por exemplo...) -, é prejudicial ao objectivo de segurança e estabilidade interna dos países ocidentais - missão primeira de qualquer governo, segundo a prórpia definição de Estado! - e assegurar a incapacidade de tal objectivo para as gerações futuras! Isto além de assegurar a drenagem de recursos, com segurança interna e a necessidade de intervenções externas (hoje Afeganistão, amanhã Sudão? Depois de amanhã?) dispendiosas e arriscadas (actuar em países nucleares como Paquistão é algo que coloca em causa segurança mundial, por exemplo). Ou seja: pactuar não só com permanência como até com expansão de colonatos hoje, é assegurar problemas continuados para todos nós! Não é boa política. A voz tem de ser levantada hoje - e não estou a colocar, sequer, em causa, apoio ocidental a Israel!
E é isso que se espera de Obama: que passe das palavras aos actos... pelo menos nesta, que é, talvez, a questão mais importante e com mais impacto a nível de segurança planetária (se exceptuarmos a questão ambiental) e, sobretudo, na segurança do mundo ocidental...

* Nota: esta polémica surge após manifestações diversas e um "You are lying, boy" de um Congressista Republicano que não apenas interrompeu o Presidente como usou a expressão (e, segundo me transmitiram entendidos em cultura norte americana, esta expressão é usada no sul, depreciativamente, associada aos trabalhadores negros, escravos, que trabalhavam nas plantações de algodão ignorantes e sem qualquer nível - quase sem dignidade humana e algo desprovidos de cérebro! )


PS: há esperanças... porém, como sempre... aqui

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