2009-09-05

Acusar sem provas não é debater democraticamente: é difamar! (cometários a texto de Eduardo Cintra Torres e a outros exageros...)

Não sei se o PS está ou não está por detrás de retirada do famoso Jornal Nacional (ou melhor, a retirada da sua apresentadora) do ar. Tenho dúvidas. Espero que não esteja, a bem do país. Mas é de admitir, até, que esteja, mesmo que indirectamente. É natural que, pelo menos, tenha havido tentativas de "agradar" ao PS, como diz Marcelo. E/ou que haja motivações políticas na decisão, como diz Carlos Barbosa (ver também no i-online)
Espero que a liberdade de imprensa não seja colocada em causa, tal como o
Presidente e outros actores políticos, incluindo o próprio PS, afirmaram. Claro que falta também reflectir sobre se o modo como era apresentado o dito Jornal não era também, em si, um atentado à liberdade, confundindo-a com libertinagem ou se, pelo contrário, merece vigílias... Miguel Paes do Amaral ou Paulo Simões estão nesta linha...
O que não compreendo é como se podem produzir acusações graves, para mais a 23 dias das eleições, com base em mera "opinião", com um titulo "
PS de Sócrates é contra a liberdade", como faz Eduardo Cintra Torrres ou Pacheco Pereira ou MFL...
Acusar Sócrates, o PS, e até
Mário Soares de atentarem contra a liberdade de imprensa é, em si, algo muito sério. E tem de se ter muita certeza - e provas - de que PS decidiu de modo premeditado e conseguiu impor a sua vontade aos decisores (não se percebeu ainda quem são... é uma facto! Ninguém assume, nem Espanhois nem Portugueses). Se não se apresentam provas e se fazem acusações com esta gravidade, então estamos no campo da calúnia e da difamação...! Eduardo Cintra Torres nem sequer diz "penso que", "parece-me" ou usa qualquer outra forma de levantar dúvidas. Apresenta a sua opinião como verdadeira. Retira as suas conclusões como se tivesse provado que o PS decidiu... É grave! E não é democrático ou edificante. É pouco ético, para não dizer pior...
Mas o mais grave é quando depois se compara métodos a Chavez e Putin. E por um motivo muito simples... dentro de 23 dias acabou-se a maioria absoluta do PS. Seja qual for o resultado das eleições, todo o Português,
incluindo os dirigentes do PS, já perceberem que nenhum partido terá maioria absoluta e que provavelmente nem quaisquer dois partidos que não PS e PSD poderão formar maioria "a dois". Ou seja: a partir de 28 de Setembro, o PS, mesmo que ganhe, passa a ter de negociar com os demais partidos. E todos nós, creio, acreditaremos nos resultados que sairem das eleições. Acreditamos que não há fraude... Ou seja, acreditamos que PS, mesmo detendo poder com maioria absoluta, e domínio dos Ministérios da Justiça e do Interior, não irá fazer batota! E poderá, por isso, até perder as eleições. E isso, nem Chavez nem Putin garantem, aos nossos olhos... Se assim é, então esta comparação, para mais dirigida a um dos partidos que conta com mais anti-Salazaristas nas suas fileiras, é por isso insultuosa. E não é assim que se promove o debate democrático!
Pois é tudo isto que se lê num texto dos mais reputados críticos de Televisão em Portugal,
aqui, na mesma linha de outros exageros (a menos que se PROVE que PS teve influência na decisão, caso em que governo se deveria demitir de imediato!) .
Creio que Eduardo Cintra Torres deveria fazer duas coisas:
1. mostrar PROVAS do que diz e não apenas ACUSAR sem dizer em que se baseia, que não apenas a sua OPINIÃO...
2. admitir que poderá ter exagerado, no "calor da escrita" e do momento...

Há que parar com tanta
má-informação baseada no "diz que disse" e no "parece-me", tomado como verdade e não como mera opinião, não apenas neste caso mas em tantos outros. Ja Platão, discípulo de Sócrates, apontava claramente a diferença entre OPINIÃO e CONHECIMENTO...
PS: e a saga pode ainda ter outras consequências, empresariais

1 comentário:

O Moscardo disse...

PS: no Publico deixei o seguinte comentário ao artigo de ECT:
"Caro ECT: A opinião é livre, mas há limites.
A acusação séria e grave que faz, com base numa mera opinião, configura delito de difamação. Se usasse um tom do género: "penso que", ou "a ser verdade que...", seria um artigo de opinião. Ao acusar de modo tão explícito, exigem-se-lhe provas condizentes. Caso contrário está no campo do atentado ao bom nome e da calúnia gratuita. Pior: usa essa suposição - que não prova em momento algum, dá simplesmente como dado de partida, certo e seguro, para comparar com Chavez ou Putin... quase dando a entender que PS tenta estimular sistema eleitoral de "fachada", para preservar o poder. Por vezes, devemos evitar certos exageros... Não acha?
Dediquei-lhe por isso um post, em www.osocratico.blogspot.com. Confesso que, obviamente, se perdeu parte da boa conta em que tinha o seu trabalho enquanto comentador... Espero poder vir a recuperá-la, vendo-o admitir que há exagero e uma boa dose de atitude incorrecta neste comentário."