2009-09-20

Professor Marcelo: entrada pela direita?

O Professor Marcelo Rebelo de Sousa tenta alargar o PSD à direita, fazendo apelo ao voto útil de direita. A razão é simples: o Professor Marcelo, um dos mais astutos políticos portugueses, sabe que, quase seguramente, a esquerda (para este fim referimos-nos a PS+BE+CDU), ganhará as eleições (mais de 50% dos votos e mais de 115 deputados), mas sabe que, em princípio, Cavaco chamará para Primeiro Ministro o líder do partido com mais deputados.
Por isso, para se chegar a um Governo PSD ou PSD+CDS, interessará apenas saber se o PSD tem mais um deputado do que o PS... E, sabendo o Professor que atacando o CDS e mostrando a urgência do voto útil à direita não perde votos ao centro (pelo contrário, pode ganhar, diminuindo o "bolo da esquerda"), e poderá aumentar a fatia PSD dentro do "bolo da direita", sobretudo quando Portas e o CDS estão com uma forte dinâmica ...

Esta concentração de votos no PSD contribuiria também para menos votos Inúteis (votos não convertidos em mandatos - ver posts sobre método de Hondt e suas consequências - aqui quadro resumo ou aqui). Ou seja, o mesmo número de votos PSD+CDS traduzir-se-ia em mais deputados se votos fossem concentrados no PSD (ou se partidos já fossem coligados, como também dito em post anterior).
O paradoxo: o CDS-PP tem mais hipóteses de ser Governo, ou influenciar um governo, se os votantes de direita votarem no PSD do que se votarem no CDS-PP!!! Consequências do nosso sistema eleitoral, que o Prof. Marcelo conhece como poucos :-)
Como sempre, e do ponto de vista da análise política e eleitoral, Marcelo mostra ser um Professor (nenhum líder do PSD tinha, ainda, compreendido esta necessidade de atacar pela direita!). Pelo meio, ainda ataca um dos seus inimigos... que lhe tirou o tapete e o fez perder o sonho de ser PM, há uns anos atrás... Intelectualmente brilhante?
Portas que, por sua vez, também é um homem de superior inteligência, compreende os perigos desta "concentração" (o virtual desaparecimento do CDS-PP e a sua "falência" pessoal), mas também o seu potencial: resultados em que PSD seja o maior partido, mas sendo o CDS-PP imprescindível... É uma difícil gestão mas PP tem talento para estas gestões... Não tivesse sido ele a desfazer, na televisão, a aliança com o PSD de Marcelo... e a entrar pouco depois no Governo... com Durão :-)

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